AÇÃO CULTURAL


INFORMAÇÃO E AÇÃO CULTURAL

Existem muitos níveis de informação; existem muitos modos de informar; existem, também, muitas maneiras de informar-se.

 

Os níveis de informação têm a ver, muitas vezes, com o suporte da informação e, obviamente, com a fonte de informação, que podem favorecer ou não a assimilação do dado ou do fato que é buscado ou que atinge quem o encontra e o registra mentalmente.

 

Entretanto, a conexão entre as informações, em cada indivíduo, liga-se às sinapses formadas (“relação de contato entre os dendritos das células nervosas”, conforme se encontra no Aurélio), elementos fundamentais no processo de constituição do conhecimento e do mais conhecimento. Ampliadas, as sinapses abrem novas possibilidades e, portanto, novas conexões.

 

Ora, os centros formais de informação (arquivos, bibliotecas e museus) disponibilizam informações à medida em que dispõem o seu acervo ao público, favorecendo o acesso à informação, ainda em termos teóricos. Os profissionais que lá se encontram – todos educadores, dentro das suas especificidades e características pessoais e profissionais – exercem esse ângulo da atuação através do que denominamos de mediação; ou seja, a intermediação, já entrando em termos práticos. Somam-se aí, elementos objetivos e subjetivos.

 

Todavia, esse é um dos lados da moeda. O usuário da informação não é um continente vazio; ele é possuidor de um repertório prévio de informações e conhecimentos e, movido quer pela curiosidade, quer pela necessidade, expressa “per se” uma demanda de informação, sabendo ou não onde encontrá-la e tendo a intuição/a expectativa de como gostaria de encontrá-la (o formato ou o produto).

 

Por outro lado, o profissional que atua nesses centros de informação apontados disponibiliza a informação da melhor maneira, de acordo com a sua formação; isto é, depende bastante daquilo que aprendeu na graduação, em leituras feitas, na prática e na educação continuada, até como auto-didata.

 

É lamentável que haja alguns centros encabeçados por profissionais graduados, que não têm ou não conseguem ter a informação organizada. Por preguiça, por desleixo ou seja lá por que for, a falta de organização técnica e lógica da informação deixa caótico para o usuário o universo da informação, geralmente aquele que está mais próximo dele. Isso existe e não deveria existir, em nenhuma hipótese.

 

Desordem e bagunça, em alguma medida, todos nós fazemos em nossa casa, com as nossas coisas. Porém, em instituições supostamente organizadas para manter o ambiente, os materiais e a informação em ordem, é inaceitável que isso não aconteça, pois é possível até mesmo uma organização simples, de acordo com os recursos disponíveis. Mas, dentro de um critério de organização técnica levada a sério; não se brinca em serviço!

 

Se a determinação é informar, a condição primeira é ter a informação organizada tecnicamente (de forma simples ou sofisticada, dependendo da instituição, do público e dos recursos); sem essa condição é muito difícil, quase impossível a alguém informar-se e, ao profissional, mediar a informação, isto é, informar.

 

O ato de informar - entenda-se - significa que, por ser ele um verbo de ação, o profissional será o sujeito da ação de disponibilizar o acervo local, divulgar as possibilidades de acesso a outros acervos (o atual presente-ausente, ou à distância, com o recurso e o uso das tecnologias disponíveis), ampliando as chances do usuário da informação de chegar ao conhecimento e/ou construir mais conhecimento.

 

O informar, ainda, implica que o profissional da informação, nesses centros referidos, esteja pronto para orientar o usuário, individual ou coletivamente, a encontrar e assimilar as informações com a finalidade de construir e/ou ampliar o seu conhecimento e poder tomar decisões.

 

Falamos aqui em termos bem simplistas, tanto no que se refere ao profissional quanto ao usuário, seja ele noviço ou veterano na sua trajetória em busca da informação.

 

Voltando um pouco nesta conversa, queremos dizer também que a organização da informação, aprendida obrigatoriamente nos cursos específicos de graduação, não pode parar na teoria: na prática, ela vai depender de conhecer o público, até pela sua segmentação, o que envolve primordialmente o estudo do usuário e o levantamento de seu perfil (ou de perfis variados). Essa é uma condição prévia e fundamental.

 

Os profissionais mais experientes desenvolvem esses procedimentos com facilidade. Os mais novos precisam enfrentar o desafio inicial, pois, só conhecendo melhor o usuário, poderemos – com conhecimento de causa, criatividade e os recursos possíveis – nos pôr na pele do usuário para vislumbrar como ele entende, interpreta, assimila e aplica melhor as informações (com eventuais tomadas de decisões e ações).

 

Por outro lado, precisamos lembrar que uma informação sozinha não se constitui em conhecimento: o debate (posterior ou anterior) esclarece, instiga, complementa e sedimenta o conhecimento em construção, individual ou coletivamente, com a finalidade de gerar novos conhecimentos ou mesmo de resgatá-los. Esse é também um dos princípios da educação.

 

Daí que a equação da Ação Cultural tem razão de ser e gera o “plus” que o profissional apresenta e oferece, no seu âmbito de atuação.

 

Como informar? Vejamos quem é o nosso usuário da informação, como ele gosta ou prefere informar-se, quais os assuntos que ele destaca no momento ou num período mais longo, para, a partir desses e de outros parâmetros/indicadores, o profissional e sua equipe de colaboradores, consultores e parceiros na empreita se decidirem por fontes em texto, áudio e vídeo, nas mais diversas versões, arranjos e “lay outs”.


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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior