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IGREJA DO LIVRO TRANSFORMADOR GANHA MEMBROS EM LONDRINA

Até que ponto a literatura pode transformar vidas? Essa pergunta tenta ser respondida pelo Igreja do Livro Transformador, um movimento que incentiva a leitura de livros de literatura e esteve presente no Festival Literário de Londrina no mês de agosto.

Os templos dessa igreja são as bibliotecas e a oração é a leitura de um bom livro. Os fiéis claro são os amantes de uma boa leitura. A palavra “igreja” foi adotada somente no sentido de reunião, comunhão. Não há ligação com religião, política ou ideologia. O único objetivo por trás do movimento é de que livros podem mudar a vida de pessoas.

Segundo a pesquisa “Painel”, feita em março deste ano, o brasileiro lê cerca de quatro livros por ano, contando com os livros didáticos. A Igreja do Livro Transformador pretende mudar esse quadro. Não que os livros didáticos não sejam relevantes, mas procura-se fazer com que as pessoas diversifiquem a leitura, conheçam novos tipos de livros e tenham suas vidas transformadas pela literatura.

Tudo surgiu em uma mesa de bate papo sobre literatura, na Bienal do Livro Paraná, onde o escritor Luiz Ruffato contou sobre a sua vida. Pobre e filho de pipoqueiro, Ruffato sofria bulling na escola e para se refugiar corria para a biblioteca. Lá ele descobriu através de livros um mundo muito diferente do que ele conhecia. Conheceu as ruas de Londres através de Charles Dickens e muitos outros lugares. Depois disso, nunca mais parou de ler.

Brincando, Ruffato disse que deveria haver uma “igreja do Livro”, “as pessoas não vão para a igreja e dizem ‘a palavra mudou minha vida’? Então poderia haver uma igreja onde as pessoas testemunhassem: esse livro mudou a minha vida”, brincou ele na ocasião. “O que é igreja? É comungar, é compartilhar sobre um mesmo objetivo”, completou.

Emanuela Siqueira, jornalista cultural, que assistia a conversa resolveu levar a brincadeira a sério, e disse a Ruffato que levaria a brincadeira adiante e fundaria a igreja do Livro. O escritor achou engraçado e brincando disse: “Ok, ide pelo mundo e pregai, minha sacerdotisa”.

E foi assim, de uma brincadeira, que a jornalista juntamente com seus fiéis, sai viajando pelo país; “pregando” a literatura e divulgando a igreja. “A literatura torna a pessoa mais criativa, mais pacífica, uma cidade onde as pessoas leem mais atiram menos”, diz a sacerdotisa Emanuela Siqueira.

“A ideia é gravar depoimentos. As pessoas vão para frente da câmera e contam qual o livro que mudou suas vidas e porque esse livro é tão importante para elas, como um testemunho mesmo para que outras pessoas assistam e fiquem com vontade de ler aquele livro,” diz a divulgadora do projeto.

“A literatura deixa você mais ativo com o mundo. Você pode ler um livro e conhecer os costumes e as práticas de certos lugares e, assim, querer ver pessoalmente aquilo que você já conhece, deixando sua viagem mais interessante”, diz Daniel Kossmann, sacerdote da igreja.

“Queremos incentivar clube de leituras, levar bibliotecas para as periferias, incentivar movimentos quem leve a literatura aos mais diferentes públicos, ler e ler de qualquer jeito, ler em qualquer lugar, em pe, deitado, no banheiro, no ônibus. Ler”, explica Kossmann.

Não me deixe aqui empoeirado

A igreja criou adesivos que podem ser colados em livros e deixados em lugares inusitados. Nos adesivos estão frases do tipo “Não me deixe aqui empoeirado, Leia-me”. Os livros com os adesivos podem ser deixados dentro de ônibus, postos de saúde, hospitais, qualquer lugar onde as pessoas possam vê-los e leva-los para casa. Depois de lidos, os livros podem ser deixados em outros lugares para que outras pessoas possam ler também. E assim vai se criando o rodízio da literatura.

A execução do projeto é feito pelo site de cultura www.interrogacao.org, com acompanhamento do escritor Luiz Ruffato. Os depoimentos da Igreja do Livro Transformador podem ser acessados através dos endereços: www.igrejadolivro.com.br e www.igrejadolivrotransformador.com.br.

Para Emanuelle, o incentivo a literatura é algo simples que pode ser feito por qualquer pessoa. “Na hora de dar um presente, dê um livro. Mesmo que você dê algo que a pessoa esteja precisando, como uma calça por exemplo, faça um kit. Passe num sebo e dê um livro. Seja um sacerdote da literatura também e ide pelo mundo”, convoca.

 

 
Autor: Gleiciane Zanardo
Fonte: Jornal União, Londrina, p.6, 12-25 set. 2012

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Seção Mantida por OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.