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LITERATURA INFANTOJUVENIL


DIÁRIO DE CAROLINAS

Ler a obra Quarto de despejo: diário de uma favelada era quase uma obrigação social para que pudéssemos conhecer a narrativa cotidiana de uma escritora negra que sobreviveu com parcos recursos (isso acontece com a maioria das mulheres negras).

Conhecer os perrengues de uma mãe solo (isso também acontece com a maioria das mulheres que são “pamãe”) nos faz ter a noção das vivências da escritora Carolina Maria de Jesus.

Quarto de despejo foi lançado em formato livro apenas em 1960, pois 1958 e 1959 alguns trechos foram publicados, respectivamente na Folha da noite e na revista O Cruzeiro. É uma obra traduzida em mais de 10 línguas. No Brasil ainda não é totalmente aceito como obra canônica por desafiar a escrita culta. Pelas denúncias e críticas sociais e políticas ela, a obra, passou certo tempo invisibilizada, no entanto, hoje lê-la tornou-se também uma questão escolar. Nos últimos anos, pelos menos na Universidade Estadual de Londrina, esse Diário compõe a listagem de livros que deverão ser lidos no período pré-vestibular.

Pesquisando a biografia de Carolina não há indícios que ela tenha escrito alguma obra para crianças. Sobre a biografia dela eu conhecia duas obras: Carolina Maria de Jesus obra da coleção Black Power da Editora Mostarda e da coleção Vidas que inspiram - Carolina Maria de Jesus da editora Ciranda Cultural. Outro dia me deliciando em uma feira de livros encontrei o livro infantil intitulado Carolayne, Carolina e as histórias do diário da menina, que já me cativou desde a estrutura.

Carolayne, Carolina e as histórias do diário da menina foi escrito por Simone Mota, ilustrado por Hannah23 e publicado pela editora Malê Mirim.

O formato desse livro é bem diferente e eu vou tentar simplificar a descrição. Sua medida é 23x16 cm, mas quando aberto vira 23x33 cm e quando aberto mais uma vez 23x85 cm. Não deu pra entender né? É um livro que se desdobra e se desdobra de novo. Para em pé como se fosse uma casa, uma cabana, uma barraca, um chalé, algo pra se morar dentro... sei lá como posso explicar. O importante é falar do que está dentro dele, então vamos lá:

A narradora principal é Carolayne uma garota negra de 12 anos que amava leitura. A primeira frase do livro é: “Aos sábados Dona Matilda abria a biblioteca para doação de títulos repetidos e escambo. Carolayne não perdia um sábado. Sentava e ficava folheando os livros. Abria, lia as imagens, passava os olhos no primeiro, ou no último trecho do livro, e separava os seus preferidos.” (p.5)

Num sábado Carolayne estava na biblioteca comunitária quando uma senhora chega com um livro com folhas bem amareladas e reclama não querer aquele livro não, pois falava muito de realidade e ela queria fantasia. Carolayne, que já sentia vontade de escrever um diário, apesar de ser um livro de adulto e o título da capa já indicar que era um livro sobre as tristezas de uma favela, convenceu a Dona Matilda a levá-lo só para ter inspiração, afinal seria mais fácil começar a escrever o dela. No caminho de casa, sabendo que a mãe iria estranhar por não ser um livro para crianças, resolveu escondê-lo por uns dias e depois, acabou fazendo colagens na capa “[...] deixando aparecer do livro diário a palavra diário, a parte do nome da autora, que é seu apelido na escola – Carol [...].” (p.15)

Como a maioria das mães são seres “antenados”, ela acabou descobrindo e contou para filha: “[...] sua avó morou no Canindé, quando viveu em São Paulo, comunidade onde vivia a autora desse livro. Ela escrevia sobre tudo o que via e vivia no verso de papéis, revistas velhas, e até papel de pão que encontrava no lixo.” (p.20). Carolayne pergunta se pode ler. A mãe pede para Carolayne ler para ela: “[...] Assim você me ajuda. Aprender a ler não está sendo fácil.” (p.20). Mãe e filha decidem ler juntas. Nesse momento, Carolayne descobre que a mãe quase não sabia ler e fica indignada: “É estranho que a pessoa que me ensinou tudo que eu sei até agora, não sabia fazer coisas que eu já sei fazer.” (p.27).

Vou parando por aqui, pois a página 27 já faz parte do segundo bloco desse livro que é denominado de Meu quartinho que é composto de 32 páginas e é o diário de Carolayne. Só para aguçar a curiosidade do leitor, ela conta de suas leituras, sua escola, carnaval no Rio de Janeiro, sonhos de desejos, dos sonhos de verdade à noite, memórias da vovó quando foi vizinha da Carolina Maria de Jesus.

Para finalizar incluo aqui o trecho que está no final do livro de Simone Mota, trecho que ela extrai do Quarto de despejo: diário de uma favelada.

“Passei o resto do dia escrevendo [...] Liguei o rádio. Tomei banho. Esquentei comida. Li um pouco. Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem.”

Sugestões de leitura:

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10.ed. São Paulo: Ática, 2014.

MOTA, Simone. Carolayne, Carolina e as histórias do diário da menina. Rio de Janeiro: Malê, 2021.


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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.