Tenho fobia de rato. Já pulei o muro de uma escola e demorou alguém me convencer que eu precisava voltar. Subi numa mesa velha e frágil que havia no quintal de casa e saí só depois que mataram o rato. Fiquei trancada num quarto e, se não fossem os compromissos, estaria lá até hoje.

Quando conheci o livro Dr. Alex em 1986, ele veio pra mim em uma 1ª. edição, todo ilustrado com fotografias e isso tornou a narrativa bem real, mas como na capa dele havia um rato com uma elegante cartola e óculos pretos não senti repugnância e resolvi encará-lo.

Dr. Alex é o título do primeiro livro escrito pela autora. Ele foi publicado pela Global Editora com capa, iluminação de Paulo Vasconcelos e arte de Flávio Del Carlo.

Meu exemplar está um tanto surrado, pois eu li muito para muitas crianças. Para as crianças que não se importam em contar suas frustrações, eu contava que certa vez (não me lembro em que ano) a organização da Bienal Internacional do Livro de São Paulo divulgou que haveria um jantar com Rita Lee e que os interessados fizessem contato para comprar os convites.

Lógico que comprei, mas a Rita levou meu sorriso e não pode ir. Fiquei sem conhecer a Rita pessoalmente, mas continuei sua fã. Como não ser fã de uma genial compositora, intérprete e autora de livros infantis! Pois é, Rita Lee partiu para outra galáxia nesse 8 de maio.

Voltando a falar do livro Dr. Alex: mesmo tendo que enfrentar um rato, gosto muito dele. Nessa edição (indescritível e insubstituível) consta na última página o seguinte texto:

38, capricorniana, ascendente em Aquário, é paulistana e mora em São Paulo. Pioneira do rock no Brasil, desde os anos 60, através de discos, shows e apresentações por todo o país, vem introduzindo esse ritmo entre nós. Casada com o músico e produtor Roberto de Carvalho, tem três filhos: Roberto, 9 anos; João, 7 e Antônio, 5. Durante uma conversa com os filhos, surgiu a idéia de Rita fazer um primeiro trabalho como escritora, escolhendo como protagonista Alex, seu ratinho de estimação. Dr. Alex é uma pequena mensagem de carinho e respeito aos animais e às pessoas dirigida a todas as crianças em idade e coração. (LEE, 1986).

Prestem atenção!! 37 anos se passaram e ela não parou lá em 1986, publicou Dr. Alex e os Reis de Angra, Dr. Alex na Amazônia e Dr. Alex e o Phantom (ilustrados por Guilherme Francini).

Destaco também outro livro dela que é maravilhoso: Amiga Ursa: uma história triste, mas com final feliz. Livro que ela dedicou aos netos: Ziza, Arthur, Miguel, Ritinha e Jack.

Preciso dizer que, nos meus atos de mediação literária, tenho um princípio inflexível, que é uma regra pessoal:

“TEM TEXTO QUE NÃO É POSSÍVEL MEDIAR SEM LER PALAVRA POR PALAVRA”

Sabe aquele que não é possível fazer resumo. Espero que me compreenda. Há nesse livro muita emoção. Para atiçar sua curiosidade, lá vão as palavras que Rita Lee incluiu na quarta capa:

Conto aqui a história da ursa Rowena, que foi maltratada durante anos e hoje vive feliz no Rancho dos Gnomos. Este livrinho é para vocês: as crianças que irão mudar o Planeta com o respeito que todos os animais merecem, já que eles são nossos companheiros. Beijos da vovó Ritinha.

Só me resta pedir: um minuto de silêncio para Rita Lee!

Sugestões de Leitura:

LEE, Rita. Amiga ursa: uma história triste, mas com final feliz. São Paulo: Globinho, 2019.

LEE, Rita. Dr. Alex. São Paulo: Global Editora, 1986.