A BASE DE DADOS PESQUISAS ARQUIVÍSTICAS BRASILEIRAS COMO DISPOSITIVO DE MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Maria Meriane Vieira Rocha
A Base de Dados Pesquisas Arquivísticas Brasileiras (PAB) (1) é uma fonte de informação muito importante para a Arquivologia brasileira, pois nela constam todos os projetos de pesquisa, projetos de extensão, teses, dissertações e TTC de todos os docentes do quadro efetivo dos 16 Cursos de Arquivologia das instituições de ensino superior públicas brasileiras, caracterizando assim o estado da arte da produção científica dos professores desses Cursos.
Essas pesquisas estavam dispersas na Web, constando apenas no Currículo Lattes de cada pesquisador. A partir da criação da PAB concentramos em um único instrumento o que já foi pesquisado, o que está sendo pesquisado e até pode-se observar o que pouco tem sido pesquisado na área. Podemos perceber através das pesquisas as inovações, as descobertas e os avanços da Arquivologia brasileira.
Nesse contexto, e tomando-se como referência as categorias de mediação da informação presentes no conceito formulado por Almeida Júnior (2015), a PAB se configura também como um dispositivo de mediação implícita da informação no que tange à divulgação da pesquisa científica dessa especialidade e seus achados, cumprindo a missão social de mediar o acesso aos resultados das pesquisas, reforçando a indissociabilidade entre a pesquisa, a comunicação científica e o compartilhamento dos saberes, pois qualquer investigação científica só se consolida quando os dados científicos são de fato divulgados. Assim, a PAB extrapola esse ciclo científico de informações que estavam intramuros sobre as pesquisas como já mencionado, uma vez que, agora se encontra em um único espaço, um ambiente por meio do qual se pode alcançar toda comunidade Arquivística brasileira e internacional.
A PAB pode, como um dispositivo de mediação implícita da informação, ser usado e ofertar à sociedade o que se tem produzido na especialidade da Arquivologia, extrapolando os limites das universidades, dos grupos de pesquisa, dos currículos lattes, dos trabalhos individualizados, ou seja, agrega informações e dados importantes sobre uma parcela do conhecimento científico, produzido e circulado no âmbito da Arquivologia no Brasil, ou seja no âmbito da nossa coletividade. Ela congrega informações de qualquer lugar geográfico, de qualquer instância, sem relegar elementos nacionais, regionais e locais.
Nessas perspectivas, a PAB divulga as pesquisas independente de quaisquer avaliações quanto ao status acadêmico das universidades, grupos de pesquisa de grande, médio ou pequeno porte. A Base diz respeito a dimensão global da pesquisa em Arquivologia no Brasil e, portanto, representa um poderoso instrumento da comunicação científica na esfera virtual, ou seja, na Web, caracterizando-se como um dispositivo de mediação implícita da informação para auxiliar o combate ao analfabetismo científico da Arquivologia brasileira (2).
Nesse sentido, a PAB conta ainda com redes sociais para uma maior interação e divulgação entre os atores sociais, tais como: Instagram (3), Facebook (4), e-mail (5) e Youtube (6). Cada uma com funções específicas, mas que dialogam entre si.
Nessa perspectiva, além de salientar as nuances da produção científica arquivística brasileira, a PAB enquanto dispositivo de mediação implícita da informação, revela elementos consideráveis que mostram que a Arquivologia se consolida no Brasil, seja com o aumento da produção, ou pela colaboração e interesse por temas antes pouco explorados.
Assim, a Base em tela evidencia que existem pesquisas na Arquivologia e que há produções científicas sendo feitas. Nesse sentido, a PAB pode responder a essas questões, pois nela tem informações importantes para quem quer e deseja executar suas próprias pesquisas, para quem quer divulgar as suas pesquisas e também para aqueles que querem validar ou não os achados dos demais membros da comunidade científica da Arquivologia brasileira.
Como panorama geral das pesquisas dos docentes, levantamento até o ano de 2022, temos os seguintes dados:
Gráfico 1 - Quantitativo de trabalhos dos docentes indexados na PAB
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Fonte: Rocha; Casimiro (2021)
Nota: Dados da pesquisa (2022)
O Gráfico 1 mostra que a Base de Dados Pesquisas Arquivísticas Brasileiras possui um total de 564 trabalhos indexados, desse total, 295 são projetos de pesquisa (51,4%); 125 são projetos de extensão (21,8 %); 58 são teses (9,2 %); 47 são dissertações (9,9 %) e 44 são monografias (7,7 %).
Esse levantamento destacou o quantitativo elevado de projetos de pesquisas, desenvolvidos pelos docentes, isso reforça que esses professores estão envolvidos com a área. Ao que tange os projetos de extensão o percentual é menos da metade em relação aos de pesquisa e isso acende um alerta para os pesquisadores, sobretudo, para destacar a importância de romper as barreiras das universidades e ir até a sociedade com esses projetos, efetivando assim a responsabilidade social.
Com a necessidade de termos também o estado da arte das pesquisas desenvolvidas pelos profissionais arquivistas, iniciou-se uma nova fase de indexação desses trabalhos na Base. Essa fase consiste em mapear os Arquivistas através de solicitação feita pelo Fala.BR (7), no campo ‘Acesso à Informação’. Assim, estreou-se pelas instituições de ensino e posteriormente abrangerá todas as outras instituições, públicas e privadas, ou seja, o intuito é dar visibilidade aos projetos de pesquisas, de extensão, teses, dissertações e TCC dos Arquivistas.
Como panorama geral das pesquisas dos arquivistas, levantamento até janeiro de 2022, temos até o momento um total de 489 pesquisa, distribuídas da seguinte forma:
Gráfico 2 - Quantitativo de trabalhos dos arquivistas indexados na PAB
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Fonte: Rocha; Casimiro (2021)
Nota: Dados da pesquisa (2023)
O Gráfico 2 revela que a Base de Dados Pesquisas Arquivísticas Brasileiras possui no contexto de pesquisas dos arquivistas: 202 monografias (41,3 %), 139 projetos de extensão (28,4 %), 86 dissertações (17,6 %), 59 projetos de pesquisa (12,1%) e 3 teses (0,6 %).
Mesmo ainda não tendo o estado da arte de todos os arquivistas brasileiros e consequentemente suas pesquisas, já se percebe que estes profissionais estão desenvolvendo pesquisas específicas da área e se colocando como protagonistas dentro desse contexto.
Assim, percebe-se que a PAB contribui efetivamente como dispositivo de mediação implícita da informação, tornando-se um elemento desenvolvimentista da Arquivologia brasileira. Nesse sentido, a PAB passou também a se propor à análise da produção científica da área, a partir das pesquisas coletadas, a qual contempla Projetos de Pesquisa e Extensão, Monografias, Dissertações, Teses e TCC. Pretendeu-se aqui, contribuir para que a Arquivologia brasileira compreenda sua origem de produção do conhecimento científico, bem como apontar um recorte do que representa sua evolução.
Nesse sentido, além de salientar as nuances da produção científica arquivística brasileira, a PAB revela elementos consideráveis que mostram que a Arquivologia se consolida no Brasil, seja com o aumento de produção, ou pela colaboração e interesse por temas antes pouco explorados.
Esta Base deixa aberto novos espaços para estudos na Arquivologia que deem ênfase a outras temáticas como: Tecnologia da Informação Aplicada à Arquivologia, Papel social e visibilidade, Comunicação científica na Arquivologia, Conservação e preservação e Estudos de Usuário, assim como em outros campos do conhecimento científico, uma vez que a PAB mostrou que esses temas precisam ser mais trabalhados.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JÚNIOR, O. F. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, S; SANTOS NETO, J. A; SILVA, R. J. (Orgs.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: Abecin, 2015. p. 9-32.
ROCHA, Maria Meriane Vieira da; CASIMIRO, Adelaide Helena Targino. Base de Dados Pesquisa Arquivísticas Brasileiras. João Pessoa, 2021. Disponível em: http://www.ccsa.ufpb.br/pesquisarquivistica/. Acesso em: 13 jan. 2023.
NOTAS
1 - http://www.ccsa.ufpb.br/pesquisarquivistica/
2 - Analfabetismo científico de uma área, acontece quando não temos noção geral dos temas dessa área, quando não se tem uma noção sobre a essência da atividade científica dessa área e quando não se tem noção da função social dessa área.
3 - @pesquisasarquivisticas
4 - Base de Dados Pesquisas Arquivísticas Brasileiras
5 - pesquisasarquivisticas@gmail.com
6 - Pesquisas Arquivísticas Brasileiras
7 - https://falabr.cgu.gov.br/publico/Manifestacao/SelecionarTipoManifestacao.aspx?ReturnUrl=%2f
Maria Meriane Vieira Rocha - Doutora e Mestre em Ciência da Informação. Docente do Departamento de Ciência da Informação da UFPB