A AMBIENTAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR
A leitura, em muitas regiões de nosso país, ainda é considerada uma atividade mais própria do gênero feminino. Essa afirmação, por mais absurda que pareça, infelizmente não deixa de ser verdadeira. E é possível comprovar isso quando tratamos de alguns gêneros textuais como, por exemplo, o texto poético. Ainda hoje, ler poesia alia-se, erroneamente, ao público feminino.
Nas escolas e também nas bibliotecas públicas do país, mediadores ou bibliotecários, dificilmente são a maioria, pois nas últimas décadas houve a diminuição da população masculina e aumento da feminina nesse campo profissional. Essa situação histórica revela, indiretamente, a desvalorização profissional a que o magistério e áreas correlatas têm enfrentado.
A decoração dos ambientes de acordo com a predominância de gênero, masculino ou feminino, tem características que são próprias da maioria. Mas quando nos referimos a espaços públicos, cujo atendimento será realizado a quaisquer pessoas, de qualquer gênero, convém que não se privilegie este ou aquele, principalmente se o espaço destinar-se a crianças e adolescentes, como é o caso de uma biblioteca escolar.
Outro aspecto importante na decoração da biblioteca é não infantilizar o espaço, ou seja, carregá-lo de cores, enfeites, babados, bibelôs e similares. O espaço pode ser instigante para os menores, mas não o será para os maiores.
Quase sempre encontramos em bibliotecas destinadas ao público infanto-juvenil, principalmente nas escolares, a tendência a caracterizá-la com personagens femininas como, por exemplo, Bela Adormecida, Branca de Neve, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho entre outras. Por outro lado, é difícil encontrarmos personagens masculinas tais como: o Gato de Botas, o João do pé feijão, o
Apenas a personagem feminina na decoração pode atrair as meninas, mas pode afastar os meninos e, ainda corroborar a idéia de que o espaço é destinado ao público feminino, conseqüentemente, reafirma-se subliminarmente que a leitura é uma atividade feminina. Enfim, para o pré-adolescente ou adolescente isso é significativo e pode levá-lo a não se identificar com o espaço da biblioteca.
Para meninos matriculados na educação infantil talvez ainda não faça tanta diferença, mas para as idades do ensino fundamental é necessário que haja essa preocupação, pois tanto o menino quanto a menina precisam de contato com a figura dos dois gêneros.
A criança, a partir dos seis anos de idade descobre que as pessoas são masculinas ou femininas, pois até então ela não tem noção nem de sua própria sexualidade nem dos que a rodeiam. A partir dessa idade, a criança começa a se identificar e a se interessar pela pessoa de sua família do mesmo sexo, por exemplo, a menina, pela mãe e o menino, pelo pai.
Na escola tanto a figura feminina quanto a masculina são importantes para que as crianças tenham contato, identifiquem-se, tenham referência de sua sexualidade e do jeito de ser do outro, o diferente dela. A convivência entre os dois gêneros é salutar, auxilia o amadurecimento infantil e adolescente.
Na pintura da biblioteca devem predominar os tons claros (pastéis), pois não se pode esquecer que os livros, em geral, possuem capas coloridas e, conseqüentemente, trazem o colorido para o ambiente da biblioteca. Portanto, é preciso comedimento para dispor quadros, cartazes e ou reprodução de cenas de histórias infantis (plástico, colagem, E.V.A) nas paredes.
Na biblioteca também devem existir espaços mais neutros, ou seja, com as paredes sem qualquer sinal de decoração, apenas livros, estantes e ou mesas ou cadeiras. É preciso oferecer um espaço simples para aqueles que preferem um canto menos colorido.
Há uma tendência em expor trabalhos realizados em sala de aula na biblioteca da escola, isso é bom, é pedagógico. Entretanto, o que vemos quase sempre é que muitos desses trabalhos vão para
Pensar no espaço da biblioteca escolar requer, além da adequação física do espaço e do mobiliário, equilibrar a decoração existente no ambiente. Na biblioteca tanto a falta de estímulo visual quanto o excesso provocam apatia naquele que freqüenta o espaço.