ARTIGOS E TEXTOS


PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO: ENTRE O ESPÍRITO E A PRODUÇÃO

Em 1985, na Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, publiquei um artigo sobre o Mercado de Trabalho do Bibliotecário. A conclusão apresentava um espaço ainda restrito na época, embora com um mercado em potencial claramente em ampliação. Durante a elaboração do texto, senti necessidade de discutir o perfil do profissional cujo mercado era objeto de análise, principalmente pelo fato de tal perfil estar sendo motivo de debates, com alterações na estrutura da formação do bibliotecário. Parece que, desde aquela época até hoje, as discussões e debates sobre o profissional bibliotecário não ultrapassaram o nível da superficialidade. Poucos são os que de fato estão preocupados com a análise do perfil do profissional, enfocando-o com relação às necessidades atuais, quer do mercado de trabalho, quer dos problemas informacionais da sociedade. A grande maioria, não só dos profissionais como dos pesquisadores da área, aceita, comodamente, a manutenção de uma estrutura profissional que reproduz um perfil de bibliotecário vinculado a exigências sociais ultrapassadas e retrógradas.

A teimosia no emprego do termo bibliotecário como designativo do profissional formado nos cursos de Biblioteconomia, pode ser utilizada como exemplo da tentativa de manutenção de uma estrutura já não mais condizente com as atuais necessidades sociais. Bibliotecário, aos olhos da sociedade, denomina todos aqueles que trabalham no espaço da biblioteca, independente da existência ou não de uma formação específica. Além disso, tem o bibliotecário uma imagem deturpada, um estereótipo que acreditamos dissociado da realidade. Por que insistir no uso do termo Bibliotecário, se a própria literatura da área o apresenta como não mais correspondendo à real atuação do profissional que atua em Unidades de Informação? Há sim uma conotação que acompanha a palavra Bibliotecário e que a remete para as esferas do ultrapassado, do retrógrado, do desnecessário. Acreditando que a profissão bibliotecária é útil socialmente, que possui uma ação única, exclusiva e necessária para a sociedade, partindo desses pressupostos justifica-se qualquer proposta de alteração do nome do profissional que a exerce.

Um nome que vem sendo utilizado recorrentemente é Profissional da Informação. Na verdade, essa é uma designação não específica do bibliotecário, mas que abrange um grupo de profissionais que atuam tendo como base a informação. A discussão maior talvez seja se consideramos o termo como adequado para denominar esse grupo de profissionais; se Profissional da Informação constitui uma única profissão, fragmentada em segmentos que se diversificam em função do tipo ou da forma como a informação é estudada ou, finalmente, se Profissional da Informação é apenas e tão somente uma concepção, uma idéia, um caminho norteador para as discussões sobre uma nova estrutura profissional (talvez uma acomodação mais atual da divisão social do trabalho).

Estranho o fato de aceitarmos um novo nome para o Bibliotecário, desde que seja ele, nome, genérico e abrangente e não específico e representativo das novas funções, atribuições, características e perfil desse profissional. Acredito sim que o bibliotecário contemporâneo (ou bibliotecário hodierno) teve suas características, seu perfil, suas funções modificadas, alteradas (como as terá constantemente transformadas), pois essa é uma exigência, até mesmo de sobrevivência, imposta pela sociedade a todas as profissões. Acompanhar as mudanças sociais implica, em qualquer área, uma modificação interior. A biblioteconomia - e os bibliotecários - não ficou alheia às transformações sociais e, para acompanhar tais transformações, foi obrigada a se modificar, a se adequar às necessidades informacionais da sociedade. O problema, no entanto, não é termos consciência das transformações pelas quais passamos, mas sabermos distinguí-las, torná-las claras para nós mesmos. Mais ainda: as transformações são conseqüência de uma análise da realidade ou de uma adaptação ao que presumimos ser o motivo desencadeador de determinadas mudanças sociais. A partir disso, precisamos explicitar quais as bases que fundamentam nossas análises, sob pena de não o fazendo, deixarmos claro que nossa adequação a uma realidade modificada deu-se exclusivamente de maneira intuitiva.

Parece que ainda não conseguimos distinguir as transformações que a profissão bibliotecária, a despeito dos nossos desejos e vontades, sofreu nos últimos tempos. Essas transformações são tão reais e concretas que a literatura tem produzido vários textos abordando-as e tentando determinar quais, de fato, são atualmente as atribuições e as características do bibliotecário.

O profissional e o novo século; o bibliotecário no próximo milênio; o profissional da informação e as exigências do século XXI; esses são exemplos de temas não só de artigos publicados em revistas especializadas da área, mas de palestras apresentadas em eventos (que, muitas vezes, também tinham como tema central o mesmo assunto). Também fiz parte dos que foram convidados e ministraram palestras sobre o perfil do profissional no próximo século. Interessante que os convites partiram não só de eventos dirigidos para os profissionais como os promovidos e destinados aos alunos dos cursos de Biblioteconomia, evidenciando uma preocupação com os destinos da área por parte de todos os segmentos que a compõem.

Esses eventos foram realizados, obviamente, nos anos que antecederam o ano 2000. Hoje, no momento em que estamos às portas do século XXI e do início do terceiro milênio (ou, dependendo do modo como é entendida a contagem, dentro do novo século e do novo milênio), parece que o tema está perdendo o espaço que havia conquistado e, em conseqüência, há uma diminuição nas discussões, nos debates e nas reflexões sobre o novo profissional bibliotecário, ou melhor, sobre as transformações e mudanças, por exigência social, ocorridas no perfil do profissional bibliotecário.

Quase sempre as discussões sobre as funções de um profissional acontecem próximas de um fato relevante: um novo século; uma guerra; grandes alterações econômicas; revoluções, etc. Nesses momentos a sociedade como um todo é colocada em cheque e todas as áreas, não apenas as profissionais, são obrigadas a, no mínimo, se questionarem sobre a sua presença, função e importância no novo contexto.

A Biblioteconomia passou por períodos em que a discussão sobre a sua atuação foi aprofundada. Em sua história recente, acredito que o surgimento da Biblioteca Pública como hoje a entendemos, por volta de 1850, foi um desses marcos. Fruto da ampliação das idéias da Revolução Francesa e das necessidades impostas pela Revolução Industrial, a educação passa a ser considerada como uma das mais importantes reivindicações tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra em meados do século XIX. No bojo da reivindicação por acesso à educação, acompanha a idéia de bibliotecas mantidas integralmente pelo Estado e voltadas para toda a sociedade, ou seja, as Bibliotecas Públicas. Logo em seguida, no último quartel daquele século, uma série de propostas são apresentadas com o intuito de, acredito, fazer frente às exigências desse novo tipo de Biblioteca. A primeira edição da CDD; as regras para o Catálogo Dicionário; o arranjo relativo das estantes; criação da ALA - American Library Association e, o que considero principal, a proposta para o estabelecimento de um serviço voltado exclusivamente para o atendimento do usuário, o Serviço de Referência. A relação do surgimento da Biblioteca Pública e, logo em seguida, do Serviço de Referência, parece-me incontestável, pois o último é proposto como forma de sanar a falta de preocupação com o usuário, ou seja, com aquele que de fato faz uso da informação em potencial presente nos espaços da biblioteca. Até então, o usuário não era motivo de preocupação específica o que nos leva a considerar e entender a biblioteca, até então, como mais voltada para a preservação do que para a disseminação. As reivindicações da população, em especial a de acesso à educação, exigem uma mudança da biblioteca e, por sua vez, do perfil dos que nela atuam. Os bibliotecários atendem essas reivindicações, adaptando-se às necessidades informacionais da sociedade. Esse atendimento fica claramente explicitado a partir das mudanças ocorridas logo após o surgimento da Biblioteca Pública, como exposto acima.

A mudança, qualquer que seja ela, não é consensual, nem tão simples como dá a entender o parágrafo anterior. É bem possível que as alterações não só no perfil do profissional como nas características da bibliotecas, não foram tão profundas como desejadas, ansiadas e demandadas pela sociedade. Acredito que as mudanças ocorridas nas bibliotecas nesse período ativeram-se ao mínimo imprescindível para atender aos reclamos da sociedade. Cada mudança, cada alteração não ocorreu sem que antes houvesse longos embates entre os teóricos, estudiosos e pesquisadores da época. Essas posturas diferenciadas entre os que atuavam na área podem ser conhecidas mais profundamente através do texto de Susana Muller e, dentro de uma análise diferente, no de Maria Cecília Diniz Nogueira.

Duas grandes funções da Biblioteca Pública, mantidas até os dias de hoje, surgem no início do século: a função cultural e a função recreacional (ou de lazer). Elas se integram à função educacional que começa junto ao início da Biblioteca Pública. O que interessa aqui é o fato de terem sido elas assumidas como funções da biblioteca pública, obviamente fruto de discussões, debates e reflexões anteriores, no início de um novo século, neste caso, o século XX. Foi ele, o começo do século XX, marco para as discussões sobre a atuação do profissional. As concepções, tanto de cultura como de lazer, no entanto, não são consensuais entre os pesquisadores da área como também não representam ou atendem às necessidades da população. Um exemplo, também resgatado por Susana Muller, é a discussão sobre a leitura "perniciosa", leitura essa que, a exemplo da água estragada, não deve ser distribuída para a população. A determinação do que é ou não leitura perniciosa, deve ficar a cargo e ser de responsabilidade do bibliotecário que atua em cada uma das bibliotecas públicas. A responsabilidade também se aplica na integração ou não no acervo de livros considerados populares, cuja leitura em nada contribuiria para a formação de cidadãos sadios moralmente. Entre as atribuições do bibliotecário está, até hoje, a formação do acervo e, dentro desta, a determinação do que deve ou não fazer parte do universo disponível para leitura e de informações acessíveis para uma determinada comunidade. A globalização e as tecnologias da informação disponíveis hoje, quebram a idéia de um acervo restrito a quatro paredes, mas, mesmo assim, não diminuem a responsabilidade do bibliotecário na relação fontes e necessidade de informação.

Todo o trabalho do bibliotecário, quer seja no preparo técnico ou na mediação, tem uma interferência impossível (e, creio, indesejável) de ser eliminada. É recorrente e hegemônica na literatura da área da biblioteconomia a idéia de que nossa atuação e as ferramentas que utilizamos são neutras e imparciais. Essa neutralidade permite o emprego de instrumentos de análise técnica, de instrumentos de disseminação e de recuperação da informação, em qualquer tipo de unidade de informação. Qualquer que seja o espaço de atuação do profissional bibliotecário, as ferramentas e instrumentos de que dispõe para lidar com a informação podem ser empregados sem uma adequada adaptação, pois são eles, ferramentas e instrumentos neutros e imparciais. Não é preciso, dessa forma, conhecer, estudar as necessidades informacionais da comunidade a ser atendida, pois a neutralidade dos códigos, tabelas, metodologias, etc., permitem o emprego deles de maneira independente, sem vínculos com os interesses dos usuários. No mesmo sentido, as atribuições do profissional bibliotecário não estão atreladas as mudanças e transformações sociais. Pode-se analisar os problemas das bibliotecas, e determinar propostas de solução, atendo-se apenas a pontos detectados dentro da própria biblioteca, sem necessidade de estudar o entorno, sem necessidade de conhecer os problemas da comunidade a quem a biblioteca deve atender, sem necessidade de analisar aquele determinado problema no âmbito da sociedade como um todo.

Outros momentos em que, por força de um fato, a profissão bibliotecária passou por questionamentos, poderiam ser levantados, mas, talvez, o interesse maior aqui seja por mais três deles: - final dos anos 60 e início dos 70; - após a Revolução Sandinista e - neste final do século.

No final dos anos 60, em especial nos Estados Unidos, a Biblioteconomia vive um momento de discussão interna. Aliada ao questionamento da profissão, promovido pelos próprios bibliotecários, a área cultural convive com a redução da verba pública que a mantém e com a luta dos vários equipamentos culturais por maior interferência na divisão desses, agora, parcos recursos. Cada segmento cultural procura mostrar sua importância social, seu significativo e imprescindível espaço na formação cultural do cidadão. Essa luta, evidentemente, trouxe problemas para as bibliotecas quanto à exposição de sua importância no cenário cultural da sociedade americana.

A cópia de um serviço prestado na Inglaterra, iniciado logo após a II Grande Guerra Mundial, acabou se constituindo como a forma encontrada pelas bibliotecas para mostrar a sua importância social. A biblioteca chega à conclusão, nessa época, a partir dos questionamentos e das exigências provenientes da necessidade de se comparar à outros equipamentos culturais na luta por maiores verbas, de que os serviços oferecidos até então não mais correspondiam aos anseios da sociedade. Foram importantes, com certeza atendendo às demandas da população, mas, naquele momento, dependiam de alterações para acompanhar as mudanças que ocorriam em vários aspectos da sociedade.

A implantação dos Serviços Referenciais - convém enfatizar que aliada aos questionamentos e discussões sobre a importância social da profissão bibliotecária - acaba redundando, também, na assimilação, por parte da biblioteca pública, de uma nova função: a informacional. Essa função acarretará em grandes mudanças na atuação e na própria concepção desse tipo de biblioteca.

As discussões internas podem ser vistas como fator importante na concretização de uma nova concepção de biblioteca pública, mas é preciso que se atente para a existência de uma exigência externa aos muros da biblioteca e que pedia um posicionamento dos profissionais sob pena de inviabilizar a própria sobrevivência da Instituição Biblioteca e do profissional Bibliotecário ou, ao menos, de evidenciar, a partir do repasse de pequenas e, proporcionalmente em relação aos outros equipamentos, menores verbas, um possível papel menor, um possível papel secundário da área no espaço cultural da sociedade. 

A idéia da função informacional, não apenas no âmbito da biblioteca pública, atendendo a uma necessidade da área biblioteconômica em se firmar como um espaço de produção será debatido mais adiante, no entanto, vale a pena ressaltar não só a inclusão da informação entre os interesses da atuação do bibliotecário como, mais ainda, a sua transformação no próprio objeto da área. A informação é hoje entendida como o paradigma da Biblioteconomia e da própria Ciência da Informação. Os estudos norteados pela informação e a assimilação desta como base para a implantação de serviços nas Unidades de Informação,  determinaram a mudança do caráter de preservação presente na área até há bem pouco tempo. A disseminação passa a ser priorizada, transformando e remodelando a Biblioteconomia. Ora, se o próprio objeto da área foi alterado, por que o nome do profissional deve ser mantido?

Um outro momento - que não precisa ser necessariamente delimitado através de um marco, de uma data - precisa ser abordado. Em vários momentos deste século as revoluções - e as contra-revoluções - eclodiram, determinando mudanças compulsórias. Muitas dessas revoluções envolveram e contaram com a participação de uma grande parte da população da região em que se consumaram. Em outros casos as revoluções se fizeram sem a participação ou mesmo à revelia dela. O que nos importa diretamente neste momento é como as bibliotecas se envolveram ou como foram afetadas pelas revoluções.

No Brasil, nossa experiência mais recente com o autoritarismo foi a ditadura militar que, iniciada a partir de uma contra-revolução em 1964, vigorou por mais de 20 anos. Lógico que estou falando do autoritarismo político, do autoritarismo explícito, de um regime político que não permitia pensamentos contrários, que usou todas as armas e formas possíveis e disponíveis para calar, para emudecer posições contrárias às pregadas por ele, manifestadas sob qualquer tipo de suporte. Estou falando do autoritarismo político, pois o autoritarismo social, camuflado e escamoteado, permaneceu e permanece mesmo após a declarada morte da ditadura militar.

No período negro para a cultura brasileira (apenas para lembrar, não estou falando sobre o período do governo Collor de Melo), em que as manifestações coletivas eram proibidas por serem consideradas sempre de caráter político (é bem verdade que os militares tinham razão, na medida em que toda manifestação coletiva tem, sempre, um aspecto político - principalmente as que se identificam como culturais, pois esse aspecto não é explicitado formalmente), poucos relatos temos da atuação e da posição das bibliotecas, dos bibliotecários ou das entidades que representavam tanto aquelas como estes. Sabemos de casos isolados, individuais, em especial de bibliotecários que atuavam em entidades não vinculadas diretamente à área da Biblioteconomia. Sabemos também de posições contrárias à censura dos livros e, em poucos casos, de defesa da livre circulação de informações, obviamente não aceita, não acatada pelo governo ditatorial. No entanto, a maioria dos profissionais bibliotecários deixou-se sujeitar pelas imposições, pelas absurdas determinações dos governantes. Sujeitar-se foi a posição assumida pela maior parte da população brasileira, independente de formação, de classe social, de profissão. O maior problema talvez tenha ocorrido não no sujeitar-se, mas na reprodução da ideologia veiculada pelo regime militar e, nesse caso, muitos bibliotecários podem ser enquadrados, embora com um agravante: não reproduziram por identificação com a ideologia transmitida, mas por medo das conseqüências que poderiam advir de uma posição que poderia ser entendida pelo governo militar como simpatizante das idéias subversivas.

As bibliotecas foram espaços de reprodução das idéias pregadas e disseminadas pelo regime popular. Não foram, salvo poucas exceções, um local de mudança, um local de transformação, idéia que o discurso do bibliotecário sempre apregoou e que na prática traduziu-se no seu oposto.

A posição de reprodutora da biblioteca não ocorreu de maneira premeditada ou por afinidade, por defesa das idéias veiculadas. Na maioria dos casos a posição dos bibliotecários foi fruto das concepções básicas sobre a biblioteca, sua função social e sua importância para a população. Considerando suas ferramentas e instrumentos como neutros, os profissionais se consideram como neutros e, assim, imunes dos acontecimentos sociais.

Um exemplo do apego da Biblioteconomia a seus instrumentos e ferramentas, ao entendimento de serem eles neutros e imparciais pode ser encontrado no texto de Depallens. Abordando as mudanças sociais ocorridas após a revolução Sandinista na Nicarágua, o autor apresenta as transformações não só na concepção como também na atuação de aspectos e segmentos do cotidiano da população daquele país. Como se encontrava a educação antes da revolução e  o que aconteceu com ela após a tomada do poder pelos revolucionários. O mesmo o autor procura retratar a respeito da saúde, moradia, etc.

Vinculado ao trabalho em bibliotecas, o autor também procurou entender e apresentar a situação destas no período pré e pós revolução. Suas conclusões podem parecer em um primeiro momento, dissociadas da realidade ou do modo como acreditamos ser a biblioteca entendida pela sociedade - ou melhor, do modo como gostaríamos que a sociedade entendesse a biblioteca -, no entanto, uma situação revolucionária, como uma situação atípica que é, desnuda e deixa transparecer a imagem que a população, pelo menos do local em que a revolução ocorre, tem da instituição biblioteca e dos profissionais bibliotecários. Depallens afirma que, diferentemente de outros aspectos como a educação, saúde, moradia, vestuário, etc., a biblioteca permaneceu a mesma após a revolução. Enfatizando: antes da revolução a biblioteca - a pública em especial - trabalhava sob um ideário; sob um entendimento da importância do seu "fazer" para a sociedade; embasada em uma concepção de informação e em parâmetros que determinam quais os produtos e serviços que devem ser oferecidos à população. Após a revolução Sandinista a biblioteca continuou a mesma, continuou estruturada nos mesmos alicerces que a sedimentavam no período do governo Somoza.

Um momento revolucionário determina e exige uma reflexão das posturas profissionais e sua importância para a transição política, econômica, social e cultural. O período que se sucede a uma situação de mudança, em especial como a causada por uma revolução, impele os profissionais a nortearem suas discussões e debates para a maneira como atuarão objetivando acompanhar as transformações sociais, desde que, é claro, aquela determinada profissão entenda a si própria como objeto e sujeito da história. No caso específico da Biblioteconomia na Nicarágua, o que se depreende é a existência de uma área e de uma profissão que não se vêem obrigadas nem vinculadas à sociedade. Entendem-se, tanto a área como a profissão, isoladas, independentes, desvinculadas da sociedade e dos acontecimentos; acreditam que por lidarem com a cultura estão acima das intempéries mundanas, que por lidarem com a informação - e ser esta subjetiva -  estão pairando em algum plano superior, deslocados, desconectados e, o que é pior, descompromissados em relação aos triviais problemas do homem.

O último momento que gostaria de abordar aqui é o final deste século. Acompanhando previsões catastróficas que insistem em determinar o ano de 2000 (ou alguma data próxima a ele) como o marco predestinado para o fim dos tempos, muitas reflexões retomam temas que ficam relegados por longos períodos. Coincidindo com uma "crise das profissões", a Biblioteconomia (e, obviamente, o profissional bibliotecário), de forma não muito consciente por grande parte daqueles que a estudam, passa a ser objeto de discussão. Talvez o termo mais adequado seja "passou a ser objeto de discussão", pois, já vivendo o ano 2000 e passada a euforia e as comemorações por ainda estarmos vivos, parece que os debates e as reflexões sobre o bibliotecário estão arrefecendo e retornando a ocupar espaço entre os temas adormecidos. Seguindo os outros momentos em que esse tipo de discussão emerge, o final deste século também está corroborando a idéia de que os marcos para os questionamentos passam e deixam apenas uma pequena contribuição, pois aqueles que compõem a área não desejam grandes mudanças no seu próprio perfil profissional - o que, caso ocorresse, necessariamente exigiria mudanças e transformações no fazer profissional, na prática, na ação e na concepção da área.

As reflexões sobre o bibliotecário, sobre o fazer bibliotecário e sobre a Biblioteconomia registraram textos que, na maioria das vezes, analisava-o como um Profissional da Informação. Em alguns casos esse termo passava a designar o bibliotecário. Utilizou-se, também com freqüência, o termo Moderno Profissional da Informação. Gostaria de, em relação as idéias veiculadas por esses textos, abordar dois aspectos.

Em primeiro lugar, a idéia de Profissional da Informação não é específica nem prerrogativa do bibliotecário, ao contrário, identifica ela uma gama de profissionais que lidam com a Informação em seus vários aspectos, abordagens, suportes e momentos. Muitos são os profissionais que lidam com a informação e uma concepção genérica, abrangente e aglutinadora - embora a mim pareça bastante atrativa - depende da eliminação de "carreiras" isoladas e segmentadas, a participação nas discussões de todas as outras áreas e o fim das idéias corporativas. Para isso, evidentemente, é necessário o fim da reserva de mercado e a mudança total da estrutura profissional brasileira. Se estamos vivendo uma época de crise das profissões, nada mais lógico do que aproveitarmos esse espaço para discutirmos propostas que apresentem transformações radicais na organização da política profissional brasileira.

Um segundo aspecto presente na idéia do Profissional da Informação é a tendência por uma dicotomia entre o "antigo" e o "moderno" bibliotecário. Isso normalmente acontece quando o Profissional da Informação é identificado como sendo exclusivamente o bibliotecário. Mais: o antigo e o moderno são excludentes, um inviabilizando a existência do outro. Em suma: ou você é bibliotecário ou Profissional da Informação. Além disso, parece que a idéia é vincular o profissional que atua em bibliotecas escolares e bibliotecas públicas como sendo o bibliotecário, ou seja, ultrapassado, antigo, que demanda uma formação mais simples e que possui uma função social equivalente à que possui o espaço ao qual a biblioteca está vinculada, isto é, a educação e a cultura. Por outro lado (e antagonicamente), o Profissional da Informação é o que atua nas bibliotecas especializadas, nos centros de informação, nas empresas, nos órgãos de pesquisa. Esse profissional é identificado com o "moderno", com novas tecnologias, com aquele que precisa de uma formação mais complexa e cuja função social está relacionada a setores produtivos, evidentemente muito mais importante dentro de um sistema capitalista.

Essa dicotomia pretende, aparentemente, dividir a profissão bibliotecária em dois grandes segmentos, proposta que é contrária ao conceito mais abrangente em termos de área presente na concepção do Profissional da Informação. Em épocas em que o mercado pede, além da especialização, um conhecimento globalizado, é um contrasenso designar de "moderna" uma proposta que propõe um aprofundamento da especialização. Ou, quem sabe, por acharmos que a ação e a importância do bibliotecário que atua em bibliotecas escolares e públicas são secundárias e inferiores em relação a outras profissões, estamos propondo nos descartamos dele.

A tipologia de bibliotecas apresentada no parágrafo anterior já não representa a realidade dos espaços informacionais. Defendo - e apresento esta idéia até mesmo como forma de contestar as propostas que sustentam uma ruptura da área da Biblioteconomia em dois grandes segmentos - que as Unidades de Informação, de maneira genérica, dividem-se em dois grandes tipos, embora não excludentes: as que fornecem a informação e as que orientam para que se obtenha a informação. A concepção básica dessa proposta está centrada na atuação, na ação, de forma diferente das anteriores que se voltavam para o espaço como maneira de diferenciar as Unidades de Informação. Em sendo a ação do profissional o ponto diferenciador, pouco importa o local onde ela ocorra. A biblioteca pública, por exemplo, dependendo do usuário atendido, pode tanto se identificar como o espaço que fornece informação como com o que orienta o usuário na obtenção da informação que irá satisfazer uma determinada necessidade. A distinção dá-se no âmbito da mediação.

A dicotomia presente na concepção do profissional da informação veiculada pelos textos da área parece retratar uma situação que, no meu entendimento, marcou historicamente a área e determinou caminhos ainda não totalmente claros em relação ao seu destino. Da mesma forma, tal situação ainda não permite traçar claramente o perfil do profissional contemporâneo. Qual seria essa situação?

A Biblioteconomia sempre foi alocada no espaços sociais que atuam com o "espírito" do homem ou no âmbito do "espírito" do homem. Vale lembrar o Manifesto da UNESCO sobre Bibliotecas Públicas, onde essa "condição" das bibliotecas está claramente explicitada. Às bibliotecas públicas cumpre, a partir dessa visão, o papel principal de atender aos estudantes - que corresponde a quase 90% dos seus usuários - e incentivar o gosto pela leitura. Os serviços prestados por essa instituição giram em torno dessas funções. A leitura, bem como o saber, o conhecimento, são alimentos do espírito. Por sua vez, as bibliotecas escolares devem apoiar, como suportes que são, as atividades didático-pedagógicas, servindo como auxílio a programas educacionais. Os textos que buscam caracterizar essas bibliotecas, quase sempre as apresentam como tendo funções relacionadas ao apoio didático e ao incentivo do gosto pela leitura. O mesmo se dá em relação às bibliotecas infantis ou infanto-juvenis que, por atender a um público de faixa etária entre 0 e, aproximadamente, 15 anos, também deve equilibrar sua atuação entre o apoio às pesquisas solicitadas pela escola e a promoção de ações voltadas para o incentivo da leitura. Neste último caso, devem ser incluídas ações que lidam e trabalham com atividades culturais e artísticas, utilizando-as, dentro de uma concepção de animação cultural, como forma de levar os usuários para a leitura.

As atividades dos bibliotecários estavam voltadas, dentro dessa visão, para a cultura, para a educação, para o saber, para o conhecimento e, estes últimos, têm características que permitiram incluí-los como segmentos direcionados para atender necessidades no âmbito do "espírito" do homem.

As "coisas do espírito" foram, erradamente, entendidas como opostas, como contrárias às atividades vinculadas à produção. Em um sistema capitalista, obviamente são consideradas de mais valor as atividades relacionadas à produção, relegando-se a um segundo plano aquelas norteadas para o espírito.

Na divisão social do trabalho, ao homem coube as tarefas e trabalhos estritamente relacionadas à produção. Por seu lado, à mulher foram atribuídos, tacitamente, os espaços onde imperavam as atividades humanas em que se sobressaiam aspectos afetivos, sentimentais, desvinculados da razão, do "corpo". A mulher assumiu funções ligadas ao relacionamento familiar, à educação dos filhos e, quando fora desse ambiente, funções ligadas à cultura, à assistência social, à formação, etc. As atividades do homem estavam afeitas à produção e, no âmbito familiar, às formas de manter fisicamente aquele pequeno núcleo, englobando a alimentação, o vestuário, a moradia, a saúde, etc. O sustento físico passou a ser responsabilidade do homem e o equilíbrio afetivo, a da mulher.

Muito provavelmente, o fato da mulher assumir as "coisas do espírito" - e a Biblioteconomia ser identificada como uma dessas coisas - fez com que a mulher assumisse o trabalho das e nas bibliotecas. Desse trabalho o homem se afastou por não considerar como função a ele destinada.

As coisas do espírito, quando é a produção que se reveste de importância, são consideradas e entendidas como secundárias e as profissões a elas ligadas são vistas pela sociedade como de baixo status, de baixo conceito. A profissão bibliotecária, reconhecida como atendendo às necessidades espirituais do ser humano e exercida quase que exclusivamente pelas mulheres, viu historicamente a imagem que possuía perante a sociedade acompanhar o declínio que acometia várias profissões.

Mudar a imagem da profissão exigia a transposição da Biblioteconomia de uma área que atendia apenas aspectos espirituais do homem para uma profissão que transitava no espaço da produção. A informação, objeto de estudo e trabalho da área deve passar de algo subjetivo para transformar-se em mercadoria. E é exatamente isso o que acontece. Os aspectos concretos da informação são facilmente vislumbrados (ou assim se acredita) quando o armazenamento, o tratamento, a recuperação e a disseminação se realizam dentro de um aparato tecnológico. Inserir no discurso bibliotecário o jargão das novas tecnologias traduz não só uma necessidade de apropriação de ferramentas que contribuem para a efetivação dos objetivos da área (idéia que defendo), mas também, e infelizmente, como uma forma de aparentar uma modernidade que inclua a Biblioteconomia no rol de áreas e profissões afeitas e identificadas com as demandas sociais da atualidade (idéia que, como já vimos, não se sustenta quando submetida a uma análise mais criteriosa e isenta de corporativismo).

Essa transposição parece ter dividido a Biblioteconomia em duas grandes fatias: a antiga e a moderna. A antiga, como abordado anteriormente, é entendida como a fatia em que atua o bibliotecário, profissional obsoleto e que tem como função satisfazer necessidades espirituais do homem. Seu espaço de trabalho restringem-se às bibliotecas escolares, infantis, públicas e alternativas. A segunda fatia, a moderna, é o ambiente do Profissional da Informação, totalmente desvinculado (e de preferência o oposto) do bibliotecário. A esse novo e "moderno" (adjetivo empregado provavelmente para enfatizar essa sua atual condição) profissional cabe a responsabilidade pelo trabalho relacionado à informação, mas aquela que se refere apenas à ciência e à tecnologia, pois são estas mais objetivas e concretas. Para o trabalho com esse tipo de informação é imprescindível e necessário o emprego de tecnologias sofisticadas; o acesso deve ser realizado quase que exclusivamente à distância e via rede eletrônica; a virtualidade (não da informação, pois parece ser ela entendida como concreta, já que mercadoria) está sendo considerada como sinônimo de qualidade e de quantidade; a função do profissional da informação é tão somente enaltecer os aspectos positivos da globalização. Esse novo e moderno profissional precisa de uma formação, a exemplo das tecnologias que utiliza, também sofisticada e complexa. Os aspectos humanistas evidentemente não podem estar presentes na grade curricular. Deve-se, e isto é importante, privilegiar a prática, o fazer do profissional da informação.

Ninguém pode ser contrário a idéia de apropriação das teorias e idéias provenientes de outras áreas sob pena de negar a interdisciplinaridade da Biblioteconomia. Esta área precisa e é dependente das contribuições de outras áreas. O conhecimento humano é único, sendo segmentado para que possa ser melhor estudado e compreendido. Cada área é dependente das outras. A grande contribuição da globalização (infelizmente corre o risco de ser a única) é, no meu entender, a afirmação do caráter único do conhecimento humano, embora esse conceito esteja sendo usado para validar idéias imperialistas e dominadoras - utilizando o mercado, o consumo, etc., para se expandir e consolidar. A relação entre as áreas, dessa forma, é não só importante como imprescindível. O que estamos fazendo, no entanto, parece ser a exclusão de uma fatia da Biblioteconomia da possibilidade de fazer uso de contribuições de outras áreas. Difunde-se a idéia, de maneira não explícita, de que o emprego das novas tecnologias é exclusivo dos espaços onde atua o Profissional da Informação e não daqueles onde atua o bibliotecário.

O que precisamos, na verdade, é eliminarmos a dicotomia que parece estar se instalando nos estudos, nas discussões, nos debates e nos questionamentos sobre o profissional bibliotecário.

Acho que o novo perfil do bibliotecário está para ser construído. Talvez ele já exista, o que é mais certo, e não conseguimos, ainda, desvelá-lo inteiramente. É possível afirmar, no entanto, que esse profissional precisa de um nome que traduza, de fato, as atividades, as funções e a sua importância social na atualidade; que esse profissional não descarte e recuse seu passado; que esse profissional reconheça que atua em uma área que não é isolada e que deve acompanhar, como sujeito e objeto, as transformações sociais. Este último item exige um perfil em constante mudança, nos obrigando - a nós que estamos envolvidos de uma ou outra forma com a área - a um questionamento e a uma reflexão que vise a procura de uma ótima adequação entre a função da profissão e as necessidades informacionais da sociedade.

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DEPALLENS, Jacques. La bibliotecologia necesita de una revolución cultural. Revista Interamericana de Bibliotecologia, Medellin, v.10, n.1, p.7-14, ene./jun. 1987.

FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Serviço de informação para a comunidade como um instrumento de democratização da biblioteca pública brasileira. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v.18, n.3/4, p.7-19, jul./dez., 1985.

MANIFESTO da UNESCO sobre bibliotecas públicas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v.7, n.4/6, p.158-62, abr./jun. 1976.

MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Bibliotecas e sociedade: evolução da interpretação da função e papeis da biblioteca. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG. Belo Horizonte, v.13, n.1, p.7-54, mar. 1984

NOGUEIRA, Maria Cecília Diniz. Biblioteca pública: a ambivalência de seu papel. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v.15, n.2, p.222-248, set. 1986.

 

ANEXO

NOVO NOME PARA O BIBLIOTECÁRIO

Compilei algumas propostas que se pretendem mais adequadas para designar o perfil mais atual do profissional bibliotecário. Essas propostas foram retiradas de textos da literatura da área, de palestras que tive a oportunidade de assistir ou que me foram relatadas por amigos e de indicações de colegas e alunos.

 

Administrador do Conhecimento

Administrador da Informação

Administrador dos Recursos Informacionais

Agente do Conhecimento

Agente da Informação

Ágoracientista

Agoratecário

Analista do Conhecimento

Analista da Informação

Arquiteto do Conhecimento

Arquiteto da Informação

Bibliocientista

Bibliodocumentafólogo

Bibliodocumentalista

Bibliofólogo

Biblioinformatólogo

Bibliotecário

Biblioteconomista

Bibliotefólogo

Ciberonauta

Ciberotecário

Cibertecário

Cientista do Conhecimento

Cientista da Documentação

Cientista da Informação

Cientólogo

Cientotecário

Conselheiro do Conhecimento

Conselheiro da Informação

Designer do Conhecimento

Designer da Informação

Documentafólogo

Documentalista

Documentocientista

Documentólogo

Engenheiro do Conhecimento

Engenheiro da Informação

Especialista do Conhecimento

Especialista da Informação

Gerenciador do Conhecimento

Gerenciador da Informação

Gerente da Informação

Info-navegador

Infobibliotecário

Infocibernauta

Infocientista

Infocientólogo

Infodocumentalista

Infodocumentólogo

Infomediário

Infonauta

Informacientista

Informatista

Informatólogo

Infotecnólogo

Infotecário

Infotradutor

Intermediário do Conhecimento

Intermediário da Informação

Interprete da Informação

Mediador do Conhecimento

Mediador da Informação

Mediatecário

Mediatólogo

Multiinfomediário

Multimediário

Profissional do Conhecimento

Profissional da Informação

Técnico em Informação e Documentação

Tecno-cientista do Conhecimento

Tecno-cientista da Informação

Tecnólogo do Conhecimento

Tecnólogo da Informação

 

(Publicado originalmente em: ALMEIDA JUNIOR, Oswaldo Francisco de. Profissional da informação: entre o espírito e a produção. In: VALENTIM, Marta L. P. O profissional da informação: formação, perfil e atuação profissional. São Paulo: Polis, 2000. p. 31- 51)

Autor: Oswaldo Francisco de Almeida Junior

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.