LEITURAS E LEITORES


ESTRUTURAR EXPOSIÇÃO DE LIVROS NA BIBLIOTECA

Para se estruturar uma exposição temporária de livros na biblioteca, pública ou escolar, há pelo menos duas perspectivas iniciais em relação ao que oferecer:

- levar o visitante a conhecer (assunto, livros, autores) o que ele não conhece;

ou

- ampliar pontos de vista acerca do que será exposto para aquele que já conhece um pouco do assunto.

A seguir, alguns aspectos que podem servir de reflexão preliminar para se estruturar uma exposição:

1 Temática, objetivo e título

Um dos primeiros aspectos a se pensar numa exposição na biblioteca é a temática que a envolverá. A partir daí, realizam-se recortes para se chegar mais objetivamente ao desenho, ao enredo da exposição.

Constrói-se o objetivo da exposição, o que poderá responder a indagações tais como: refere-se a uma data especial da instituição? Tem a ver com a comemoração de um (a) autor (a)? Ou algum fato histórico ou cultural?

Também nesse período, delineia-se um título temporário, pois à medida que se for organizando a exposição, o título poderá adquirir nuances e mudanças.

2 Equipe e orçamento

Outro aspecto que auxilia a estruturar essa primeira etapa é pensar na equipe que poderá compor o trabalho. Cada instituição, de acordo com seu tamanho, terá esta ou aquela equipe para executar o trabalho. Entretanto, é preciso prospectar: quem agregar? Com quem contar: pessoal interno, pessoal externo?

É importante pensar na equipe da forma mais diversa possível: bibliotecários, técnicos, profissionais de programação visual, redatores, revisores, pessoal de manutenção e de informática etc. E definir o tempo que vai durar a exposição bem como os horários em que ela estará aberta ao público.

Outro aspecto relevante é o orçamento. Qual será o valor disponível para a proposta? É a partir disso que se pode prospectar recursos, material e instrumentos que serão utilizados na exposição.

Pequenas bibliotecas podem não dispor de verbas, mas precisam apresentar um suporte mínimo para, por exemplo, imprimir materiais como etiquetas.

3 Acervo ou material expositivo

Qual será o acervo a ser utilizado para a exposição: próprio da instituição ou externo? De outra instituição ou de uma coleção particular?

Se o acervo for da própria instituição é preciso manuseio para a seleção das obras ou de aspectos delas que serão evidenciados tais como: importância histórica ou literária; se é um acervo geral, ou acervo específico/especial; se haverá destaque de alguma perspectiva dentro das obras selecionadas, por exemplo.

4 Enredo: informação complementar às obras e material para divulgação

O enredo é a história que será contada, ou seja, trata-se de uma narrativa expositiva que terá começo, meio e fim.

Após a seleção do material a ser utilizado, começa-se uma leitura mais detalhada da temática da exposição. Por isso, as pessoas que compõem a organização devem ter conhecimento e ou procurar conhecedores que darão diretrizes para se buscar nos documentos selecionados aspectos que interessam ao conjunto que será exposto.

Ainda nessa etapa, selecionam-se trechos de obras, delineiam-se informações que poderão dar suporte aos textos informativos que acompanharão a exposição. E, nesse contexto, estrutura-se o material que será produzido para a divulgação impressa, on-line ou para divulgar na imprensa.

Importa lembrar: todo material escrito a ser utilizado na exposição não poderá prescindir da revisão de língua portuguesa.

5 Espaço, identidade gráfico-visual e equipamentos

Após estabelecer temática, equipe, orçamento, volta-se para o espaço onde será montada a exposição. Há bibliotecas que já contam com um espaço destinado para os eventos, outras têm de encontrá-lo em seu ambiente, em conjunto com as demais atividades cotidianas que ocorrem na instituição.

É preciso criar ambiência específica para destacar a exposição, para chamar atenção do usuário que cotidianamente está por ali. Portanto, criar outra composição visual, organização gráfica do espaço também contribui para isso.

Iluminação e ventilação são aspectos que devem ser levados em conta na hora de se definir o espaço da exposição. Além disso, é fundamental estruturar o “caminho” para o visitante, ou seja, estabelecer o trajeto da exposição para se ter noção do fluxo de pessoas, por onde iniciará e terminará a visita.

O trajeto do que será exposto está intrinsicamente ligado aos equipamentos e mobília que serão usados (mesas expositivas, estantes, equipamentos de informática, apoio para livros, suporte para banner etc.).

6 Desenho da exposição

A partir do que já foi estabelecido para a exposição de livros é preciso estruturar visualmente o desenho da exposição no espaço, antes da montagem. Assim, estabelece-se que obra terá destaque especial e quais serão as secundárias.

7 Montagem, acabamento e desmontagem da exposição

A exposição temporária tem o seu prazo estabelecido e, portanto, quem a organiza (a depender do tamanho e da instituição) deverá definir um prazo anterior para montagem, por exemplo, pelo menos três dias antes da abertura ao público (em instituições que têm espaços próprios para expor).

O prazo anterior é importante, pois ao montar exposições sempre haverá ajustes a serem realizados.

Outro aspecto fundamental é o acabamento da exposição, por exemplo:

- contar com colaborador (a) para o transporte e a organização da mobília, quando for necessário;

- a montagem com simetria onde exige simetria;

- o cuidado com o acabamento das mesas expositivas;

- retoques em etiquetas ou outros materiais com linguagem escrita ou visual;

- sinalização do piso quando estabelecer limite para o visitante chegar à mesa expositiva ou a um quadro.

A organização para a desmontagem da exposição é tão importante quanto a montagem, por isso é inecessário estabelecer a equipe que participará dessa etapa.

8 Orientação dos funcionários  e ou responsáveis para organizar exposição

Após a montagem, há uma dinâmica que nem sempre acontece nas instituições. Deve-se oportunizar que a equipe da biblioteca, em especial aqueles (as) responsáveis cotidianamente pelo atendimento do público, visitem a exposição.

Essa visita didática com os funcionários transforma-se numa atividade de aprendizado da equipe para aquela e para outras exposições. Por isso, planeje uma fala rápida para contextualizar aquele projeto para a instituição e, ao mesmo tempo, objetivamente explicitar o que se espera de cada funcionário, de como cada um (a) poderá contribuir, direta ou indiretamente, ao desenvolvimento naqueles dias de exposição.

Cada instituição tem suas peculiaridades, tamanho, orçamento e pessoal com quem pode contar. Por isso, os aspectos anteriormente elencados podem variar de biblioteca para biblioteca. Ainda assim, crê-se que eles dão a perspectiva inicial para se organizar esse trabalho.


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ROVILSON JOSÉ DA SILVA

Doutor em Educação/ Mestre em Literatura e Ensino/ Professor do Departamento de Educação da UEL – PR / Vencedor do Prêmio VivaLeitura 2008, com o projeto Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes.