A CRIATIVIDADE DO MEU ÍDOLO ZIRALDO
Não me canso de afirmar que a literatura infantil brasileira não fica nem um centímetro atrás das criativas publicações dos países ditos do Primeiro Mundo.
Temos tantos autores e ilustradores maravilhosamente criativos no Brasil, que para não correr o risco de ser injusta, não vou citá-los aqui. Mesmo porque você pode encontrá-los nesta coluna mês a mês.
Fazendo uma retrospectiva, afinal final de ano é tempo de retrospectiva, pego a pasta em que guardo as cópias dos meus escritos e descubro que nunca, nunquinha falei nesta Coluna, desde fevereiro de 2003, da criatividade do meu maior ídolo (que falha!).
Então, não sei se é muita saudade ou se é consciência pesada, resolvo falar de alguns textos dele (apenas uns textos). Quem me conhece, já sabe de quem estou falando. Aos que não me conhecem, confesso abertamente minha grande e antiga paixão pelo Ziraldo.
Conheci Ziraldo na Bienal Internacional do Livro
Depois disso, para cumprir minha tarefa de fã direitinho, criei o Fã Clube do Ziraldo, montei uma livraria especializada cujo nome fantasia era MALUQUINHA, trouxe o Ziraldo mais algumas vezes à Londrina e quando não trouxe acompanhei a sua estada aqui. Se não fui, mandei bilhete, e-mail, um telefonema. Estivemos juntos em vários eventos: Rio de Janeiro, Campinas e Curitiba e havia sempre um tempinho para um sorriso, um abraço e logicamente um autógrafo.
E por mais que eu me controle (também não sei pra que me controlar!) falo e falarei muitas e muitas vezes de seus textos e suas ilustrações (nunca sei do que eu gosto mais – texto – imagem – imagem – texto. Bom, tudo é texto!).
Assim, opto agora em falar de alguns textos que estavam espalhados em 26 livros e agora se encontram reunidos em um livrão (Isso, livrão! Detesto a palavra livrinho!) Quero falar da Coleção ABZ (excelente presente). Cada texto narra a história de uma letra do alfabeto, incluindo o K, W e Y.
Entre as 26 histórias, eu escolho “A História do I que engoliu o pinguinho”. Mas porque entre tantas histórias eu escolho esta? Oras bolas, primeiro porque para se contar uma história é importante gostar dela. Segundo, a forma criativa de seu texto é marcante.
É a história de uma letra que se chamava Fifi, uma letra muito falante que um dia engoliu e que por isso foi expulsa do alfabeto. E depois da expulsão, acredite quem quiser, Ziraldo, até achar a solução, utilizou em um texto mui divertido, 460 palavras sem usar a letra i.
E como termina essa história? Não vou dizer, pois se eu contar você não lê!
Gosto também da história do S, claro que quando comprei foi para saber a história da letra do meu nome (narcisismo!). O título do livro é: “O S feinho”. Identifiquei-me muito com a história, pois tenho medo da perfeição. Tanto é que gosto de assistir filmes como: “Corcunda de Notre Dame”, “A Bela e a Fera” e “Shrek”.
Mas voltemos ao livro: ele narra a história de uma letra que esperava em seu ninho o nascimento do último ovo de sua ninhada:
“Mamãe S ficou muito intrigada:
daquele ovo, pois, ninguém nascia.
E veio a tarde e só no fim do dia
é que se ouviu a primeira bicada.
O ovo já quebrado, o que se via?
Um S torto e desinquieto,
a letrinha mais feia do Alfabeto
(que é por onde esta história principia)”.
Você está ficando triste, mas não reclame da Coluna desse mês, e sei que ela está recortada, mas o que eu quero é deixá-lo bem curioso (a) e levá-lo (a) ao encontro desses textos.
Então lá vai mais uma história inacabada:
“Era uma vez uma letra D que era uma antropófaga. Como? Como? Como? Como? Como é? Você não sabe o que é um antropófago? Vamos fazer o seguinte: seguimos para a outra página e começamos de novo. Era uma vez uma letra D que era uma canibal? Como? Como? Como? Como? Como é? Você não sabe o que é um canibal? Um canibal é a mesma coisa que um antropófago. Se um dia ele encontrar você no meio do mato, em vez de lhe perguntar: ‘Como? Como? Como? Como?’ Dirá simplesmente: Como!”
Ao finalizar a Coluna e para abaixar a adrenalina da minha tietagem vou acrescentar a “voz” do poeta Ivo Barroso ao falar da Coleção ABZ “Ah! Este é o maior livro de literatura infantil de todos os tempos! Maior em vários sentidos: maior pelo número de páginas, maior pela riqueza das ilustrações, maior pela inventividade do texto e maior porque, sendo um livro para menores, será disputado valentemente pelos maiores da casa”.
Visite os sites:
www.educacional.com.br/ziraldo/