LEITURAS E LEITORES


BIBLIOTECA PÚBLICA: GESTÃO E FINANCIAMENTO

Formar leitores tem sido a tônica em discursos oficiais há muito tempo no Brasil, mas só de uma década para cá temos vislumbrado ações concretas que têm sido importantes nesse processo de fomentar a leitura e a biblioteca.

 

Há muito a ser feito para ampliar a compreensão de nossos governantes que investir em programas de formação de leitores está além do simples envio de livros para escolas e ou bibliotecas. Na verdade, essa é uma prática do governo federal de vários anos, ou seja, enviar livros sem ter o diagnóstico dos espaços, dos mediadores, das necessidades reais das instituições. Assim, essa mesma estrutura acaba sendo reproduzida nas instâncias municipais e estaduais.

 

O resultado dessa política é que, em geral, as bibliotecas públicas de nosso país possuem acervo insuficiente e desatualizado. Ora apresentam excesso de material, muitos volumes do mesmo material, ou de uma mesma área. Não será absurdo afirmar que nos últimos anos, além do envio do acervo governamental, o acervo de nossas bibliotecas públicas foi alimentado, praticamente, por doações da sociedade civil. 

 

Um dos princípios fundamentais para o acesso à leitura e à informação é que as instituições públicas ofereçam acervo, espaço, equipamentos atualizados e pessoal qualificado para mediar esse trabalho, mas as bibliotecas públicas, a exceção dos grandes e médios centros, ainda estão longe de alcançar esse padrão.

 

Há outro aspecto em todo esse cenário que, embora não seja tão visível, contribuiu para que as bibliotecas se tornassem obsoletas, ou seja, a inexistência de planejamento de ações a curto, médio e longo prazos. Nesse aspecto, faz-se necessário buscar editais para financiar projetos na biblioteca, quer seja para a manutenção das instalações, ampliação contínua do acervo, capacitação dos funcionários, ação cultural entre outros.

 

Do discurso à ação, em 2010, resultado de políticas gestadas em anos anteriores, houve conquistas significativas no âmbito da leitura e das bibliotecas, dentre elas destacamos, por exemplo, o primeiro Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais que apresentou um quadro da situação de nossas bibliotecas, o que, esperamos, deva pautar os futuros investimentos e ações daqui em diante nessa área.

 

Outro aspecto significativo foi a publicação da Lei nº 12.244, que dispõe sobre a universalização, obrigatoriedade de bibliotecas escolares, ainda que haja um período de até 10 anos para que isso aconteça plenamente, entretanto, a biblioteca escolar é a base para a formação dos futuros usuários de bibliotecas públicas.

 

Ainda em 2010, parte das bibliotecas públicas cadastradas no MINC recebeu 12 títulos de periódicos do Edital de Periódicos Mais Cultura, com assinatura por um ano, o que, para muitas bibliotecas, foi uma das únicas maneiras de se contar com jornais e revistas atualizados. Embora seja necessário que as bibliotecas tenham publicações de periódicos locais, que tratam diretamente acerca da população circunscrita à realidade local, regional.     

 

O Edital de Concurso Público N° 3/2010 - Edital Mais Cultura de Apoio a Bibliotecas Públicas 2010 trouxe o conceito que, tudo indica, será uma das tendências de agora em diante acerca do financiamento de bibliotecas públicas, pois oferece a todas as cidades a  possibilidade de concorrerem ao edital para a compra de acervo, para a formação dos profissionais e para a  melhoria no espaço físico da unidade. Enfim, é um avanço embora seja necessário haver aumento de dotação orçamentária, pois os recursos diante das necessidades das bibliotecas ainda são poucos.

 

Com isso, abre-se outra perspectiva para os gestores de bibliotecas públicas que, em geral em cidades pequenas e médias, ficam no aguardo de o governo municipal resolver investir na biblioteca, o que o último censo demonstrou que não tem acontecido.

 

Assim, o gestor de uma biblioteca pública além do fazer cotidiano da biblioteca, deve planejar sua gestão em busca de recursos municipais, estaduais e federais. E para isso, precisa estar atento, principalmente a editais em âmbito estadual e federal, para concorrer a verbas que possam melhorar toda a infraestrutura da biblioteca, uma vez que, de agora em diante, essa parece ser uma das principais linhas de financiamento para as bibliotecas públicas.


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ROVILSON JOSÉ DA SILVA

Doutor em Educação/ Mestre em Literatura e Ensino/ Professor do Departamento de Educação da UEL – PR / Vencedor do Prêmio VivaLeitura 2008, com o projeto Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes.