CAMINHADA
Fugido da cidade,
em um canto qualquer,
a saudade aperta
e decido voltar.
O problema é o caminho.
Não deixei migalhas
nem pedaços de pão.
Esqueci do fio
(ou ele, pelo uso,
esgarçou).
Não sei técnicas
de labirinto.
Apenas sinto.
Perdi o gosto,
a vontade
e a capacidade
de voltar.
Sou um rio
que deságua
no mesmo lugar.
Lá adiante.
Os rastros
estão encobertos.
Não há lenços
ou panos
amarrados
nos arbustos.
Nem mesmo
arbustos.
Não há galhos
quebrados.
Trincado está
meu ânimo.
Os ramos
se confundem
com as
encruzilhadas.
Bifurcações,
decisões,
decisões.
Meu diário
se perdeu
quando a última
página
foi preenchida.
Cada página
largada
em um momento,
no trajeto.
Já que não posso
voltar,
devo
valorizar a
caminhada.