O BRASIL ESTÁ COMEMORANDO 100 ANOS DE MÁRIO QUINTANA
Se o poeta estivesse vivo estaria fazendo 100 anos. Parece muito, né?! Mas o que são 100 anos diante da eternidade dos textos poéticos?!
Se o poeta estivesse morto estaria fazendo 100 anos. Parece muito, né?! Mas o que são 100 anos diante da eternidade da vida?!
Mas o poeta não está nem vivo e nem morto, simplesmente está. Ele está e - estar segundo o Aurelião – “é um verbo que seguido de gerúndio, ou de infinitivo regido de preposição a, funciona como auxiliar e expressa uma ação que se prolonga por algum tempo”. Mas deixando de lado a gramática, vamos falar do poeta.
Assim sendo, ele sempre está. Ele sempre esteve e não é a toa que Érico Veríssimo escreveu há muito tempo, que Mário Quintana:
É o sujeito mais “diferente” que tenho encontrado na vida. Antes de tudo é um poeta, e ser poeta não é apenas fazer versos, prosa com rima (carvão-coração... carinho-passarinho... etc). Ser poeta é saber ver o mundo como o vêem os anjos, as fadas, e ao mesmo tempo possuir o dom de comunicar a quem o lê o que ele vê e sente; em resumo, é ter olhos para revelar a face secreta das pessoas e das coisas. [...] Bom, vou revelar a vocês um segredo. Descobri outro dia que o Quintana na verdade é um anjo disfarçado de homem. Às vezes, quando ele se descuida ao vestir o casaco, suas asas ficam de fora.
E não é que esse tal Veríssimo é um mágico que me provoca um desejo hipertextual, e me faz saltar a procura do poema Boas Maneiras de Mário Quintana?! Vasculho os meus livros e ao encontrá-lo quero compartilhar com você:
Os anjos não dão de ombros não; quando querem mostrar indiferença, os anjos dão de asas.
Atrás deste, outros poemas querendo se exibir saltam dos livros e eu fico sem saber qual apresentar. Opto pelos bem humorados:
Madrigal
As velhinhas bonitas são passas de uva.
Hai-Kai
No meio da ossaria
Uma caveira piscava-me...
Havia um vagalume dentro dela.
Diálogo no céu
- Mas aquelas mocinhas lá embaixo, naquela sala grande, não estão rezando?
- Não, meu santo, estão mastigando chiclete.
(Nessa hora dá uma “baita” inveja da gauchada que conviveu com esses dois, Veríssimo de 1905 -1975 e Quintana de 1906 -1994). E fico imaginando os dois
No silêncio de minha biblioteca, fico pensando: comemorar sim, mas para que soprar as velas se elas estarão sempre acesas?!
LIVROS INFANTIS DE MÁRIO QUINTANA
Sapo amarelo - Global Editora
Lili inventa o Mundo - Global Editora
Pé de pilão - Editora Ática
Sapato Furado – Editora FTD
Batalhão das Letras - Editora Globo
Nariz de Vidro - Editora Moderna