O 2 GRAU SOB CUIDADOS
O MEC quer melhorar o nível do 2º grau de ensino. Quer torná-lo também mais criativo e atraente. É o que noticia a mídia – impressa, falada e televisiva.
A mesma mídia vem questionando, também, a capacitação dos professores, a fim de que estejam aptos a acompanhar essa melhoria no ensino.
Se os conteúdos pedagógicos serão alterados, ainda é uma incógnita. Certamente, a nosso ver, aspectos didáticos e tecnológicos sofrerão alterações, caso os planos e projetos se concretizem. No vértice superior da pirâmide da educação, no País, as decisões do MEC têm que enfrentar as mentalidades e as políticas públicas de cada estado, para que se tornem letra viva em cada unidade da Federação.
Para os professores, deverão encontrar um jeito de atualizá-los, por meio de cursos e treinamentos que modernizem sua atuação, em termos de conhecimentos recentes, familiarizando-se e adotando as novas tecnologias como aliadas, ampliando a bibliografia nos seus planos de ensino, ao recomendar livros-texto ao lado de textos ficcionais apropriados e concernentes da lista de “best sellers”, bem como filmes e vídeos. Professor atualizado significa evolução da classe sob seus cuidados pedagógicos (via didática renovada).
Mas, o que afirmamos acima passa, necessariamente, pela biblioteca escolar, bem gerida e dinamizada por um bibliotecário também atualizado e com uma atitude pró-ativa, com um novo perfil profissional.
Podemos dizer porém, que, diante da situação do setor – situação política –, o estado de São Paulo oferece um quadro lamentável, desde o início dos anos noventa:
Agora, é o momento da fênix. Deixemos para trás o passado: com esse forte aceno do MEC para que a “revolução” ocorra no 2º grau, vamos repensar e inovar a biblioteca escolar que precisamos e queremos. Imitando o presidente Obama: nós podemos!
Se o 2º grau, como está, já não satisfaz, vamos pensar que o professor renovado vá incutir em seus “novos” alunos a idéia de que a informação, em variados suportes (papel, som, imagem), amplia e potencializa o conceito inicial lançado na sala de aula, em toda e qualquer matéria. Essa variada gama de informação e de suportes vai ser encontrada na biblioteca escolar, para atender e servir tanto a estudantes quanto a professores, administradores escolares, funcionários, familiares e a comunidade das cercanias, na busca e na consecução do conhecimento.
Como será essa biblioteca renovada?
Se o MEC recomenda um 2º grau criativo e atraente, a biblioteca deverá acompanhar essas características. Daí, torna-se necessário que as instâncias competentes saibam fazer o desenvolvimento das coleções “com um olho no gato e o outro no peixe”, isto é, contemplando os conteúdos determinados pelo plano pedagógico, de acordo com os parâmetros curriculares; mas, que também sensibilizem-se com o que pensam, o que sentem e o que gostam os adolescentes que cursam o 2º grau, em termos de “hobbies”, esportes, lazer e leitura de amenidades e/ou de intervalo.
Por outro lado, que a dinamização dessa biblioteca escolar renovada não se afaste dos cuidados técnicos básicos, para que não se instaure o caos no seu universo de informação. Só com a casa arrumada e em ordem, torna-se possível a dinamização competente, seguindo os preceitos da Ação Cultural: informar-debater-criar conhecimento, em um projeto articulado e transformador.
Sem a biblioteca escolar presente a atuante, os projetos do MEC certamente estarão fadados ao fracasso, ao menos no estado de São Paulo, por falta desse fundamental e necessário apoio ao professor e à sua aula (antes, durante e depois). Sem a biblioteca escolar na rede pública, o aluno ficará à mercê de derivativos outros que irão em sentido contrário à idéia originária – em boa hora, pois “a água chegou no pescoço” – pelo MEC.
Há que se levar em conta, também, que as relativamente poucas escolas privadas, em nosso estado, já perceberam os benefícios apresentados pela biblioteca escolar que, bem geridas e pró-ativas, apresentam um bom elemento de marketing institucional. Entretanto, essas escolas atendem a uma clientela de classe social elevada, deixando à margem, em geral, aqueles oriundos de famílias pouco abastadas.
Por isso, lutamos para que o poder constituído, em São Paulo, olhe com muita atenção para aqueles que estão na rede pública de ensino, em todos os graus. Neste momento importante de mudança, que o professor seja re-capacitado, que a biblioteca seja resgatada/renovada, que o alunado seja efetivamente o beneficiário.
Chega de toneladas de livros (apenas livros) enviados às escolas, sem critério transparente nem pesquisas conhecidas, sob o pretexto de uma leitura que não se dá!
Mas, nós podemos! (MHTCB)