BIBLIOTECA ESCOLAR


  • Discussões, debates e reflexões sobre aspectos gerais e específicos da Biblioteca Escolar.

TEMPO DE PLANEJAMENTO

Quando existe concretamente, a biblioteca escolar justifica essa denominação e essa categoria por acompanhar o ritmo e os objetivos da escola, antes de mais nada.

 

Tendo-se em conta que ela atende um público variado, porém muito característico, é preciso considerar que ela toma em consideração as necessidades informacionais de, pelo menos, três segmentos de público, com demandas distintas e especiais: alunos com  seriação escolar e desenvolvimentos variados (além da diferença de sexo, em alguns aspectos); professores de áreas e interesses específicos; funcionários e especialistas com necessidades e demandas diferenciadas. A tudo isto, acrescentem-se mudanças superficiais ou profundas por conta de orientações do MEC ou de legislação vigente, ocorridas de um ano para o outro.

 

Em contrapartida, há o apelo do mercado de livros, periódicos e audiovisuais, com produção crescente, além de produtos virtuais, que surgem a cada pouco e que “tentam” a cada instante.

 

O que fazer?

 

Instala-se o conflito para aqueles que, responsáveis pela biblioteca escolar, querem fazer o melhor, dentro de seus limites.

 

Após o alvoroço das festas de final de ano e ao término do recesso escolar – mas, antes da volta às aulas, retorna a equipe de especialistas, funcionários e professores e envolve-se com o planejamento do período letivo seguinte. É um tempo de reflexão, de confabulação, de algumas mudanças e tomadas de decisão.

 

A biblioteca não pode ficar ausente nem alheia ao que se passa no âmbito do planejamento de que se está falando, o qual vai incidir sobre toda a comunidade de forma quer positiva quer negativa, ao longo do ano, dependendo do que ela possa apresentar aos usuários como seus produtos informacionais, os quais, por sua vez, dependem da mentalidade e das iniciativas de quem esteja à sua frente.

 

Isto posto, é preciso considerar que nenhuma biblioteca pode permanecer congelada ou cristalizada em termos, principalmente, de acervo e de promoção de atividades culturais. O espaço da biblioteca é tão escolar quanto a sala de aula, que deve apoiar e reforçar de forma articulada, harmoniosa e objetiva.

 

Portanto, cumprem aí alguns quesitos imprescindíveis: 1- acompanhar e participar do planejamento escolar, 2- adequar-se aos objetivos específicos desse planejamento, em termos de conteúdo programático, 3- refletir sobre as eventuais mudanças havidas e/ou programadas, 4- preparar criativamente uma programação cultural que contemple a atualidade e o patamar do conhecimento escolar e, ao mesmo tempo, implique a melhoria do acervo de itens bibliográficos e não bibliográficos.

 

Essa é, também, uma boa oportunidade para a avaliação do que a biblioteca contém; momento também para acréscimos, desbastes, permutas e doações. Momento, ainda, para garantir recursos financeiros, de lutar pela qualidade do que se pode oferecer, além de avançar na melhoria da capacitação da equipe interna em atividade, entre bibliotecários e não bibliotecários.

 

Pode até ser o melhor momento para avaliar o desempenho e o rendimento da biblioteca no ano findo, para garantir que falhas e insucessos sejam discutidos e eliminados no ano que se inicia.

 

As dificuldades encontradas na gestão da biblioteca escolar impõem atitudes e tomadas de decisão diferenciadas, quando se trata da rede particular de ensino ou na rede pública, em território nacional. Para a rede particular, em geral, a biblioteca escolar acaba tendo um apelo de marketing forte; portanto, as vicissitudes usuais são menos sentidas e os fatores atrativos são mais presentes. Já na rede pública, as dificuldades são intensas, envolvendo toda sorte de recursos: físicos, materiais, bibliográficos e não bibliográficos, tecnológicos, financeiros e – principalmente – humanos, facilitados ou dificultados pelas políticas públicas a ela ligadas e, restritamente, pelas atitudes e decisões dos gestores locais.

 

Na rede pública do município de São Paulo, o projeto dos CÉUs apresenta uma rara exceção. Contando com bibliotecários concursados, começa a mostrar que essa comunidade escolar pode apresentar uma outra realidade, embora necessite ainda de ajustes e aperfeiçoamentos, em todos os seus aspectos.

 

Repete-se a pergunta: o que fazer?

 

Enquanto a mentalidade de governantes e autoridades do setor não mudar (ou não quiser mudar) na medida certa, é preciso usar de artifícios criativos para superar certas dificuldades. Por exemplo: 1- estabelecer parcerias  para guarnecer o espaço físico, oferecendo, em troca, divulgação do parceiro e da própria  parceria, seja na mídia interna ou externa, em eventos da área, etc.; 2- fazer da ação cultural um ponto forte da biblioteca; 3- adotar ousada e intensamente a prática do arquivo/pastas de recortes de textos e imagens, no intuito de melhorar e complementar a oferta informacional para o público usuário; 4- buscar a aproximação com o público externo para beneficiá-lo e incorporá-lo ao seu âmbito de divulgação da informação e da cultura; 5- definir e estabelecer projetos viáveis e factíveis de extensão de informação, leitura e cultura, “quebrando” os limites físicos da biblioteca da escola; 6- formar/participar de uma rede local/regional de bibliotecas escolares, ampliando sua atuação e influência benéficas para a comunidade externa.

 

Finalizando, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer! (MHTCB)


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MARILUCIA BERNARDI

Formada pela PUCCampinas. Atualmente elabora projetos para formação de Biblioteca Particular (Pessoal), oferece apoio a Bibliotecas Escolares e é aluna da Faculdade da Terceira Idade, da UNIVAP, em Campos do Jordão. Ministrou aulas de Literatura e Comunicação, por dois anos, na Faculdade da Terceira Idade. Atuou na Escola Estadual Prof. Theodoro Corrêa Cintra, em Campos do Jordão, pela ONG AMECampos do Jordão. Trabalhou na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo; na Metal Leve; chefiou a Biblioteca da Faculdade Anhembi-Morumbi e foi encarregada da biblioteca do Colégio Santa Maria. Possui textos publicados e ministrou diversas palestras sobre Biblioteca Escolar.?

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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior