BIBLIOTECA ESCOLAR


  • Discussões, debates e reflexões sobre aspectos gerais e específicos da Biblioteca Escolar.

FINAL DE ANO E A BIBLIOTECA ESCOLAR

A cada ano que termina, deveríamos parar, refletir e avaliar como a biblioteca escolar cumpriu seus objetivos perante a comunidade que atende. Após essa reflexão é chegado o momento de fazer os arranjos, consertos, remendos, trocas, enfim, tudo o que for necessário para recomeçar ainda mais motivados, com o planejamento para o ano seguinte bem elaborado, bem preparado e acertado entre os envolvidos e sempre de acordo com os projetos de cada série da escola.

 

É com muita alegria e satisfação que todo final de ano, podemos receber, ou melhor, conseguimos ser presenteados por vários alunos que nos agradecem pelo que lhes foi feito, pelo que puderam aprender por meio das leituras e serviços que os funcionários da biblioteca lhes prestaram.

 

Na última 6ª feira, dia 11, recebi um grande e forte abraço de uma aluna do 3° ano do E.F. que, juntamente com outras colegas, me deu uma pequena lembrancinha, uma vela em formato de rosa, bastante perfumada, com um bilhete escrito assim: “Marilucia, obrigado por me ensinar tanto sobre os livros e me ensinar a “mecher” no computador! Feliz Natal e até o ano que vem, Mariana Conde-3° D.”

 

As demais que estavam com ela, não tinham presentes, mas o que me agradeceram e me abraçaram, valeu por qualquer outro presente que poderiam ter trazido.

 

Eu adorei e me pus a pensar – que bom que consegui alcançar minhas metas de trabalho com alguém! Que bom que algumas crianças retiveram e aprenderam o que lhes passei! Que bom que não desisti em todas as vezes que pensei em fazê-lo, por ser tão cansativo e difícil, atualmente, a arte de ensinar alguma coisa a alguém!

 

Biblioteca Escolar, assim como a vida em geral é exatamente isso: um dia após o outro, tirando as dificuldades de lado e agindo com vistas no que deu certo, para melhorar lá na frente; é acreditar que conseguiremos alcançar as metas definidas para o ano; é reinventar; recriar; surpreender cada vez mais.

 

É mais que necessário, salutar e benéfico uma reavaliação, ainda que simples, ao final de cada ano, verificando o que foi planejado e não executado e quais os motivos dessa não execução; o que deu certo e pode ser repetido ou melhorado; quais novas idéias surgiram e que no ano vindouro serão colocadas em prática; coloque novos patamares a serem alcançados, novos desafios a serem vencidos, visando um upgrade na autoestima dos envolvidos e, consequentemente, a melhoria na qualidade dos serviços prestados.

 

Após tantos anos à frente de uma biblioteca escolar, a cada ano que passa, concluo que além dos serviços essenciais e técnicos, precisamos entender que o que chama a atenção da criançada e os atraí para a biblioteca, sem que tenham que vir com a professora para a aula de biblioteca, é justamente a novidade, o novo, o diferente, o desconhecido, aquilo que desperta a curiosidade.

 

A biblioteca escolar precisa deixar marcas nos alunos que passam por ela...

 

Muitas bibliotecas preparam fechamentos de ano com festinhas, entrega de certificado aos alunos que mais leram durante o ano; para os mais assíduos na biblioteca etc; outras elaboram exposições de presépios; exposições de trabalhos dos próprios alunos; promovem sessões de filmes ou desenhos natalinos etc.

 

São ações promovidas para e com os alunos e professores de vários graus e devem estar sempre atreladas aos demais projetos e, principalmente, à leitura, não sendo, portanto, atividades soltas e isoladas.

 

O planejamento das atividades não técnicas de uma biblioteca escolar precisa ser consistente, conciso, porém aberto, de forma a permitir alterações quando houver necessidade. Assim como os serviços, os funcionários também precisam estar aptos e atentos às mudanças circunstanciais que vez ou outra, para não dizer com certa freqüência, afetam a biblioteca escolar. Essa preparação é essencial para não causar desânimo e desmotivação na equipe de trabalho.

 

Há ocasiões em que funcionários da biblioteca são “convidados” ou “envolvidos” em determinados serviços da escola, que não estavam nos planos e que, portanto, alguma etapa do planejamento inicial terá que ser cancelada ou protelada. Porém, em havendo essa preparação para o inesperado, a situação fica menos traumática. O que importa no momento é o famoso jogo de cintura; e a pró-atividade.

 

Final de ano letivo também é a oportunidade de melhorar o acervo, promovendo seu inventário, retirando o que não está atualizado, enviando obras para restauração; procurar zerar a cobrança dos empréstimos atrasados; se preparar para a verificação junto aos professores de recursos informacionais em seu poder; checar junto ao departamento pessoal qual(is) professor(es) não fará mais parte do quadro de funcionários no próximo ano; efetuar levantamento de serviços a serem feitos pela manutenção, tal como eletricista, encanador, pintor etc; preparar listagem de compra e que os novos livros estejam à disposição dos leitores assim que as aulas recomeçarem; preparar recepção aos alunos e professores novos, para que venham conhecer a biblioteca, etc.

 

Outro fato corriqueiro na biblioteca escolar nessa época é a vinda de professores que não costumam comparecer durante o ano, à busca de livros, textos e afins, para o seu planejamento ou porque necessitam, com urgência, se atualizar de algo até a próxima reunião, com a direção... Aí está uma boa oportunidade de conquistá-lo para que venha com maior freqüência e conheça, de fato, toda a biblioteca de seu colégio.

 

Por outro lado, há os professores que já são aliados da biblioteca, que já a conhecem e a utilizam bem, trazem presentes e abraços solidários. Estes são verdadeiros companheiros na tarefa de ensinar; auxiliam e apoiam a biblioteca em todo e qualquer projeto e os divulgam entre seus alunos. Opinam e pedem sugestões de leitura, procuram a biblioteca a cada etapa do processo de aprendizagem porque acreditam, assim como nós, que somente com o trabalho de parceria é que chegaremos aos objetivos propostos, alcançaremos as metas de aquisição de conhecimento que queremos e esperamos para nossos alunos.

 

A partir do mês de setembro até meados de dezembro, as editoras “entopem” as bibliotecas e em algumas escolas, diretamente os professores, com os diversos lançamentos de sua linha editorial, na esperança de ver algum título seu adotado para o ano novo, e esse é um momento bastante oportuno para que a biblioteca escolar se torne mais conhecida e estreite os laços de amizade com os(as) divulgadores(as), pessoal esse que muito nos ajuda. 

 

Término de ano também é o momento da elaboração de relatórios para a direção tomar conhecimento do que é feito e como na biblioteca escolar. Com base nesses relatórios é que pode ocorrer aumento no quadro de funcionários, mudanças estruturais necessárias para aumentar o espaço de estudo dos alunos; aquisição de equipamentos audiovisuais; compra de computadores; troca ou aquisição de móveis etc.

 

Daí vale uma dica bastante importante para o novo ano, que é uma prática que temos feito e dado bons resultados; a troca de móveis: não necessariamente para novos, e sim de local, ou seja, algum móvel que possa ser trocado de lugar com outro ou mesmo colocado em novo espaço. Isso chama muita atenção das crianças que se deparam com um móvel novo, mas que ele sempre esteve ali, somente em outro lugar e acabam se interessando para saber o que nele consta. E pode ser a mapoteca, um revisteiro, o guarda-volumes, a estante de CDs, rearranjar as mesas da sala de estudos etc. Em algumas bibliotecas, dependendo de seu mobiliário e espaço, pode-se fazer um verdadeiro “feng shui”. Vamos ousar mais!!

 

Final de ano, oportunidade também de rever projetos antigos que deram certo, mas foram deixados de lado, e que agora, por ser outro momento, serem outros alunos e talvez, outros professores, podem ser perfeitamente reaproveitados e colocados novamente em desenvolvimento.

 

Final de ano, festas natalinas, cidade toda enfeitada, as escolas são adornadas para receber o Menino Jesus; muros, paredes e árvores são iluminadas, deixando a noite linda e clara como o dia. E por que não também a biblioteca escolar se enfeitar para compor o quadro de Natal?

 

As crianças curtem muito e podem ajudar nessa preparação. A biblioteca pode, inclusive, criar um projeto de montagem de árvore de Natal com materiais recicláveis ou ainda, com cópias de capas de livros e revistas, onde os alunos colaboram trazendo de suas casas; e depois de pronto, convidar as famílias para conhecerem os trabalhos elaborados pelos filhos e a biblioteca; enfim, é só deixar a criatividade rolar...

 

Existem muitos livros e filmes que versam sobre o assunto natal e nascimento de Jesus e alguns em especial, podem ser sugeridos aos professores como opção de trabalho em sala de aula, principalmente nas ultimas semanas, em que poucos alunos comparecem, o conteúdo já foi todo transmitido e muitos professores não sabem o que fazer.

 

Para os menores, além de livros ricamente ilustrados, existem desenhos sobre a natividade que são ótimos e de fácil entretenimento. Já para os maiores, a partir do 9° ano, a indicação é para o filme FELIZ NATAL, que conta a verdadeira história da trégua de véspera de Natal declarada pelas tropas escocesas, francesas e alemãs nas trincheiras da 1ª Guerra Mundial. É excelente e vale a pena conhecer.

 

A biblioteca pode, além de fazer a sugestão, trazê-los para assistir em suas dependências.  

 

Final de ano letivo, todos estão esgotados, alunos, professores, funcionários, famílias... procuremos não nos deixar abater com tanta correria, tanta pressa em comprar, comprar, comprar e comprar. Vamos tentar nos deter mais em ser, ser, ser e ser...

 

Final de ano, tempo de esclarecer fatos não resolvidos e que resvalaram no âmbito profissional, afetando o desenvolvimento dos serviços na biblioteca escolar...

 

Final de ano, tempo de deixar as mágoas aflorarem de vez e tratar para que elas não voltem mais, por futilidades...

 

“Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo, agora construa os alicerces!” (Chuang Tzu)

(MB)


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MARILUCIA BERNARDI

Formada pela PUCCampinas. Atualmente elabora projetos para formação de Biblioteca Particular (Pessoal), oferece apoio a Bibliotecas Escolares e é aluna da Faculdade da Terceira Idade, da UNIVAP, em Campos do Jordão. Ministrou aulas de Literatura e Comunicação, por dois anos, na Faculdade da Terceira Idade. Atuou na Escola Estadual Prof. Theodoro Corrêa Cintra, em Campos do Jordão, pela ONG AMECampos do Jordão. Trabalhou na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo; na Metal Leve; chefiou a Biblioteca da Faculdade Anhembi-Morumbi e foi encarregada da biblioteca do Colégio Santa Maria. Possui textos publicados e ministrou diversas palestras sobre Biblioteca Escolar.?

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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior