LITERATURA INFANTOJUVENIL


AS INTERESSANTES FADAS BRASILEIRAS

Na última coluna eu e minha amiga Mariana (uma menina fada!) prometemos que eu falaria a respeito das fadas brasileiras. Ela até sugeriu o título que está aí no alto.

Como promessa é dívida, não tive dúvida e lá vou eu. Em uma rápida pesquisa que fizemos encontramos algumas fadas na literatura nacional, entre elas: "Fada cisco quase nada" - Silvia Orthof (Editora Ática), "Onde tem bruxa tem fada" - Bartolomeu Campos Queirós (Moderna), "Uxa ora fada ora bruxa" - Silvia Orthof (Nova Fronteira), "A fada enfadada" - Marco Túlio Costa (FTD) e "A fada que tinha idéias" - Fernanda Lopes de Almeida (Ática). Todas elas são encantadoras, mas quero falar em especial dessa última, pois tem sido um Canto de Esperança em defesa do espaço/necessidade de fantasia que todos (TODOS) deveríamos preservar dentro de nós.

Acreditando na importância disso, cito Lauro de Oliveira Lima quando ele defende que "a fantasia é o mecanismo de liquidação das frustrações". Portanto quanto mais utilizada melhor!

Voltando ao livro - "A fada que tinha idéias", preciso apresentar a vocês a Clara Luz. Esse é o nome da nossa personagem. Ela, como a maioria das meninas de 10 anos, assemelha-se muito a Emília do Sítio do Picapau Amarelo, ou seja, inquieta, "novidadeira" e "inventadeira" de idéias. Não aceita a escola como ela é, quer mudar tudo, desde o livro de fadas que é usado para ensinar até as aulas que ela considera serem muito paradas. Só para que você possa perceber de que tipo de fada eu estou falando, um dia ela resolveu colorir a chuva (que ela achava muito sem graça) e acabou provocando uma algazarra danada.

Nas aulas de horizontologia, por exemplo, ela argumentava que a professora deveria levá-la lá no horizonte ao invés de ficarem ali falando, falando. Mais do que isso, ela acreditava que não há apenas um horizonte, são muitos e afirmava - "vou escrever um livro, chamado 'Novos
Horizontes' ".

De tanto insistir, Clara Luz acabou convencendo a professora a ir ao horizonte escorregar no arco-íris. Que loucura!! Quando a professora percebeu as duas estavam na maior alegria escorregando "de costas, de frente, em pé e até dançando" (você não sabe, mas a professora quando criança era muito pobre, então foi um encantamento).

Vocês devem estar imaginando: e a mãe da fadinha? Pois a mãe dela já havia desistido de fazer Clara Luz ser diferente (ops!). Ser igual às outras fadinhas, mas nada. Um dia as duas estavam conversando assim:

- "Minha filha, você não será muito pequena para ter tantas opiniões? Tenho medo que faça mal a sua saúde!
- Não se preocupe mamãe. Desde os três anos de idade, eu comecei a ter opiniões. Agora estou com dez, de modo que tenho sete anos de prática".

 

Clara Luz era realmente uma revolucionária, pois no tempo de sua mãe, as crianças aprendiam a fazer tapete mágico e ficavam muito contentes com isso. Ela não. Ela quer fazer coisa que tenha vida e voz. Fazer modelagem de animais com as nuvens, balé de estrela cadente, coral musical com os relâmpagos.

Fez tudo isso e mais, mas um dia Sua Majestade a Rainha, percebeu que algo de estranho estava acontecendo em seu Reino e por mais que tentassem esconder Clara Luz a Rainha acabou descobrindo a cara de lampeira dela na multidão.

A Rainha fez a ela muitas perguntas e, quando a mãe tentava segurá-la para não responder sinceramente, a Rainha dava ordens para que ela continuasse contando suas idéias. E como a Rainha estava cansada de não receber idéias novas de suas Damas e Conselheiras, acabou nomeando Clara Luz como Conselheira-chefe do Castelo.

Você pode não acreditar, mas até as antigas ajudantes da Rainha gostaram, pois elas também estavam cansadas de dar sempre os mesmos conselhos.

E eu? Bem, eu aprendi com a Clara Luz que se olharmos bem todos nós temos uma varinha de condão nas mãos, é só olhar com maior atenção dentro de nós.

PLIM!

E só para terminar, falta falar de um personagem que não é brasileiro (é francês), o nome dele é: "O menino do dedo verde". Ele não é uma fada (ops!! qual é o masculino de fada - é mago? - Sei lá...) O que sei é que o dedo dele é igual a uma varinha de condão e as mágicas que esse menino faz, precisam ser conhecidas pelas nossas crianças.

Calma!!! Eu sei que você deve estar assustado, pois o livro tem 149 páginas.

Mas, relaxe e faça como a minha irmã Solange Bortolin que leu esse livro capítulo por capítulo ao final de cada aula em uma escola pública de periferia em Londrina. Dá certo, garanto. Então, VIVA AS FADAS!!! e VIDA ÀS FADAS!!!

Sugestões de Leitura:
ALMEIDA, Fernanda Lopes de. A fada que tinha idéias. 20.ed. São Paulo: Ática, 1993.
COSTA, Marco Túlio. A fada enfadada. São Paulo: FTD, 1997.
DRUON, Maurice. O menino do dedo verde. 23.ed. Rio de Janeiro: J.Olympio, 1980.
ORTHOF, Sylvia. Fada cisco quase nada. São Paulo: Ática, 1992.
ORTHOF, Sylvia. Uxa ora fada ora bruxa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
QUEIRÓS, Bartolomeu Campos. Onde tem bruxa tem fada. 2.ed. São Paulo: Moderna, 1982.


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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.