A INTERNET É UM LABIRINTO
Por acreditar que a internet é um labirinto e que nem sempre temos em mãos um fio de Ariadne para nos salvar, trago para a coluna desse mês, um texto/correspondência que eu escrevi e que foi publicado no site Prezado Mario de Andrade.
Trata-se de uma sugestão de leitura e que eu, com medo de você não ter acesso a ela, mesmo que cause uma duplicação na rede, copiei/colei aqui.
Obviamente que não consegui segurar o meu impulso e acrescentei a recomendação de leitura do livro “O Minotauro” de Monteiro Lobato (veja na outra página, ops! estamos na internet, veja lá embaixo).
Correspondência:
Mário querido,
Um dia um professor chamado Okawati incumbiu uma bibliotecária chamada Sueli de colocar no papel o que ela pensava de um livro que a Luciana Sandroni escreveu sobre você. E a Sueli gostou tanto que resolveu escrever uma carta para nós dois. Ela demorou um pouco para mandar porque não sabia como fazer para nos encontrar. Bobeira dela, pois Mários especiais só moram na Ursa Maior e para mandar carta para Ursa Maior é só jogar na carta um pouco de imaginação e pronto. Na carta ela disse que nós somos muito malucos, mas que adorou ter conhecido a gente. Disse que ficou com muita inveja das nossas conversas e das nossas correspondências, pois lá onde ela mora agora ninguém quer saber de escrever carta desse jeito, quer mandar email que eu não entendi muito bem o que é. Você sabe o que é isso?
Mário que não era Andrade.
Mário querido,
Não sei quem são essas pessoas que você falou na carta. Mas de tanto espiar daqui de cima, sentado na Ursa Maior um dia eu descubro quem são elas. Não sei se você notou, mas agora eu não preciso ficar esperando você aparecer. Lembra que você sumia e me deixava com saudade! Descobri também que depois de ter sofrido tanto pelo Brasil, ainda falta muita coisa pra mudar por aí. Só que agora não desanimo, sei que além de tocar piano como eu, você vai “fazer a cabeça” de muitas crianças para mudar esse país. E elas são a minha Esperança. Você me pergunta o que é e-mail e eu respondo que o que eu vi daqui de cima, apesar da minha péssima visão, é uma nova forma de mandar carta, usando o computador. E eu fico imaginando que as nossas cartas de pijama terão que mudar de nome para serem chamadas de cartas de pijama voador, pois vão chegar mais rápido. Vamos experimentar isso? Como? Já que eu estou sem a minha máquina Manuela, vou comprar um computador sideral e você, por favor, também faça isso!
Mário de Andrade
Mário querido,
Gostei da idéia! Prepare-se, esse é o meu primeiro e-mail. Tenho tanta coisa pra te contar, estou bastante ansioso: sabe aquele livro que o tal professor Okawati mandou a tal
Mário que não era Andrade.
Mário querido,
Sabe o que eu descobri? Que você tinha razão o meu nome um dia estaria em diversos lugares, até em placa de rua. Não sei se as pessoas sabem quem é Mario de Andrade, mas descobri uma coisa que você aí embaixo ainda não descobriu. Você conhece o Paraná? Você conhece Londrina? Si eu tivesse aí
Fiquei tão feliz. O sítio é chamado - Prezado Mario de Andrade.
Entra lá cara! (http://prezadomariodeandrade.com.br/cartadepijama.pdf).
Tem até uma homenagem ao Zé Bento que foi meu secretário. Vamos parar por aqui, estou muito emocionado!
Mário de Andrade
Ciao Valeu!
Do livro “O Minotauro” de Monteiro Lobato, quero dizer que ele foi publicado em 1939, mas sua linguagem é muito divertida e ainda agrada as gerações atuais, desde que elas tenham acesso a ele.
Como gostei do resumo de Ana Lúcia de Oliveira Brandão, copiei e colei (tô parecendo criança!), mas cito a fonte:
“Enquanto Dona Benta e Narizinho visitam a Grécia de Péricles e Fídias, discutindo os avanços da humanidade nas ciências e nas artes, Pedrinho, Emília e o Visconde de Sabugosa se embrenham pelo Olimpo, vivendo aventuras inéditas com deuses e semideuses. Sua missão é resgatar Tia Nastácia, que ficou presa no labirinto, fritando seus famosos bolinhos para o minotauro. A molecada consulta o oráculo de Delfos e, decifrando sua mensagem, consegue libertar a prisioneira do minotauro, que, a essa altura dos acontecimentos, está balofo de tanto comer bolinhos. Por fim, todos se reencontram em um festejo grego. O texto é marcado por elementos da cultura grega, sendo que os episódios vividos no Olimpio se destacam pela inventividade e graça. O livro prevê um leitor com conhecimento anteriores de mitologia e cultura gregas.”
Sugestões de Leitura:
LOBATO, Monteiro. O Minotauro. 17.ed. São Paulo: Brasiliense, 1982.
MERZ, Hilda J. Villela et. al. Histórico e resenhas da obra infantil de Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense, 1996.
SANDRONI, Luciana. O Mário que não é de Andrade: o menino da cidade lambida pelo igarapé Tietê. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2008.